Em uma matéria do site The Gray Zone, o ativista norte-americano Daen Cohen descreve um pouco do que tem sido os últimos dias do golpe de estado na Bolívia. Na matéria, são entrevistados dois jornalistas bolivianos que preferem não se identificar com medo das represálias da ditadura que tem se instalado no país vizinho.
Um dos dois jornalistas, inclusive, teve problemas para conseguir dar a entrevista, pois no dia marcado para realizarem a reunião ele havia sido preso pela polícia que o interrogou. O outro entrevistado afirma que a Bolívia vive hoje uma ditadura de tipo fascista, e que não há maneira de esconder esse fato.
A matéria detalha como a polícia vêm reprimindo não só as pessoas que saíram em manifestações contra o novo regime, mas também, todos aqueles que ousam dizer algo diferente do que vem sendo dito pelos golpistas.
Em um vídeo postado na entrevista, podemos ver um enfermeiro da cidade de Senkata, um enfermeiro pede para que os massacres acabem e mostra em lágrimas as poucas condições de trabalho que eles possuem para ajudar as pessoas que sofreram a repressão da polícia durante o massacre de Senkata. O vídeo viralizou, levando a polícia a levar o enfermeiro preso sobre as acusações de terrorismo e de atuar como falso médico, o que na verdade é somente uma desculpa para calar qualquer um que fale contra o regime.
This nurse #AybenHuaranca was the only medical professional who treated the protesters wounded and killed by the Bolivian coup in the #SenkataMassacre. Now the military dictatorship has arrested him on false charges of terrorism, alleging he disguised himself as a soldier and cop pic.twitter.com/MUsnzsnSTX
— Dan Cohen (@dancohen3000) November 22, 2019
Em menos de um mês de golpe de estado já vemos como o país está em uma ditadura de tipo fascista, e que somente a organização popular o poderá conter. Enquanto isso, as lideranças do MAS, maior partido de esquerda da Bolívia, se calam e capitulam cada vez mais com o golpe de estado, dando uma verdadeira (inclusive para o Brasil) sobre o que não se deve fazer. A capitulação não levou, como disse esperar Evo Morales, a um apaziguamento e o fim da repressão contra a população, pelo contrário, somente intensificou os ataques contra a classe trabalhadora boliviana.