Na manhã de ontem (26), o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ), ao tomar ciência da nomeação do novo diretor da Polícia Federal, publicou a seguinte mensagem em sua conta no Twitter:
URGENTE! Estou apresentado uma ação para impedir que Alexandre Ramagem assuma a chefia da Polícia Federal. Ramagem foi chefe da segurança de Bolsonaro em 2018 e é amigo dos filhos do presidente. Jair quer transformar a PF numa polícia política a serviço do clã. Não vamos deixar.
Tal declaração, dada em meio a um dos episódios mais significativos da profunda crise em que governo Bolsonaro se encontra, revela dois problemas fundamentais, que mostram que a esquerda pequeno-burguesa ainda não conseguiu compreender alguns aspectos do golpe de Estado que derrubou a presidenta Dilma Rousseff em 2016. O primeiro deles se trata na crença no Poder Judiciário, intimamente ligado aos donos do golpe. O segundo é a ilusão criada em torno de uma possível autonomia da Polícia Federal.
A crença no Judiciário se expressa quando Freixo diz que vai entrar com uma ação. Isto é, vai direcionar a decisão sobre a situação política para o julgamento de burocratas que já se mostraram, infinitas vezes, inimigos do povo. O Judiciário é uma burocracia que independe de qualquer apoio popular — é, portanto, a mais corrompida e a mais servil ao imperialismo. Em um momento como esse, em que Bolsonaro se mostra em crise, seria necessário mobilizar os trabalhadores para pôr abaixo, de uma vez, o governo. O Judiciário, obviamente, não vai fazer nada que seja de interesse da população — como não fez nada em relação ao golpe contra Dilma Rousseff ou em relação à prisão de Lula.
Em relação à PF, é preciso dizer que a autonomia é um mito criado pela burguesia e reproduzido pela esquerda pequeno-burguesa. Os governos que deram mais autonomia para a PF foram os do PT, que foram e continuam sendo vítimas de uma duríssima perseguição justamente por parte dessa instituição, Isso porque dizer que a PF seria autônoma seria o mesmo que colocá-la nas mãos da burguesia. Se o critério para a direção da PF não for mais os interesses políticos dos governantes, será, obviamente, o mesmo critério que é utilizado para formar uma instituição como o Judiciário, que é hoje uma casta super reacionária. Isso porque a PF iria reproduzir a forma como se organiza a sociedade burguesa e, naturalmente, selecionaria para si os elementos de maior interesse para o regime.
Ao contrário de querer que a PF permaneça nas mãos dos inimigos do povo — seja comandada por Bolsonaro, seja pelo imperialismo por meio da meritocracia —, é preciso derrubar o governo e o regime político de conjunto.