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Diálogos de Dallagnol mostram

A ação clandestina dos EUA na Lava Jato

Chefe da Lava Jato e diretor da PGR tomaram precauções para fugir da fiscalização do Ministério da Justiça e preservar os interesses do Depto. de Justiça dos EUA

A revelação de mensagens trocadas entre autoridades ligadas à Operação Lava Jato mostrou a farsa grotesca que foi o processo e julgamento que levaram à condenação do ex-presidente Lula. Tudo já estava armado para que ele perdesse seus direitos políticos e não pudesse concorrer nas eleições de 2018, o que resultou na vitória de Jair Bolsonaro.

A Lava Jato foi um dos principais instrumentos do golpe de Estado que derrubou Dilma Rousseff em 2016 e, como não poderia deixar de ser, teve participação ativa do imperialismo norte-americano (as mensagens põem em dúvida mesmo se não se tratava de mera participação, mas de condução).

A Operação tinha um interesse muito evidente para os norte-americanos, uma vez que o seu principal alvo era a Petrobras, empresa estratégica, e que além dela mirava também empresas brasileiras com presença no exterior que significavam concorrência indesejada.

As mensagens revelaram que autoridades norte-americanas atuaram no Brasil por fora dos canais oficiais. Uma reportagem da Agência Pública e do site The Intercept, deu os detalhes das conversas sobre o tema.

“Fale com meu chefe”

 

Em outubro de 2015, uma delegação composta principalmente por membros do Departamento de Justiça dos EUA e pelo FBI estiveram no Brasil sem o conhecimento do do governo federal. O Ministério da Justiça tomou conhecimento da visita quando os norte-americanos já estavam em Curitiba, sendo que o Ministério era o ponto de contato com o Departamento de Justiça norte-americano em se tratando de atos de colaboração judicial.

Quando questionaram o procurador Deltan Dallagnol sobre como eludir os questionamentos do MJ, este sugeriu que “eles [os membros do governo federal] consultem o DOJ [Departamento de Justiça dos EUA], porque eles pediram que mantenhamos confidencial”.  A lei e as convenções que obrigam o funcionário do Estado a prestar contas a seus superiores não são nada diante de um pedido vindo de um órgão de um governo estrangeiro. Naturalmente, isso coloca a questão: de que República Dallagnol é procurador?

 

“Nenhum papel nosso”

 

A força-tarefa ainda sugeriu meios de contornar as limitações impostas pela lei brasileira para que os norte-americanos pudessem interrogar brasileiros envolvidos na Lava Jato nos EUA. Eles sugeriram que levassem os delatores para depor nos EUA, onde estariam a salvo da interferência da Justiça brasileira, e se comprometeram a “pressionar” para que eles colaborassem com os norte-americanos.

Em conversa por Telegram, o diretor da Secretaria de Cooperação Internacional (SCI) da Procuradoria-Geral da República (PGR), Vladimir Aras questiona se essa atitude estava formalizada: “Lembro de quase tudo isso, Delta [diminutivo carinhoso para Deltan], menos de ter concordado com a prática de colaboradores receberem alguma espécie de aval do MPF para viajarem aos EUA, como andam dizendo por aí. O ok seria dado em pedidos formais de MLA, após pedidos de transferências de pessoas. Pelo que entendi não há nenhum papel firmado por vcs concordando com tais viagens, ou há? Esse é o ponto da minha preocupação”.

Ao que Dallagnol responde: “nenhum papel nosso concordando, com certeza”. E acrescenta: “O que fizemos foi apresentar e não nos opormos”.

Segundo a reportagem citada acima: “Na terça-feira, dia 6, Dallagnol recebeu os agentes americanos com uma apresentação geral sobre as investigações, que durou uma hora.

“A seguir e ao longo da quarta-feira, cada procurador fez uma exposição sobre cada um de seus investigados. Todos já haviam assinado acordos de delação premiada com a força-tarefa – a maioria após ter passado meses na prisão em Curitiba.

“(…) Depois de ser ‘brifada’ sobre vários alvos da Lava Jato, a delegação americana passou dois dias negociando com advogados de delatores-chave. Cada um deles teve meia hora para apresentar seus casos e conversar sobre os termos da colaboração com as autoridades americanas.”

E o que não veio à tona?

 

Essas são as informações que foram reveladas pelo vazamento de mensagens, mas que não esclarecem todo o problema.
Mostram a íntima ligação da Lava Jato com o Departamento de Justiça norte-americano, mas não mostra até que ponto vai essa ligação e toda a extensão do poder que eles tinham dentro da operação. Afinal, não há nenhuma informação concreta sobre o teor da conversa mantida entre os agentes da Lava Jato e os norte-americanos.
Sabe-se, no entanto, que toda a operação beneficiava a eles e que o golpe de Estado que ela ajudou a se concretizar também era de interesse dos EUA, que estão por trás também de todos os demais golpes dados no continente na última década.

“Presente da CIA”

 

Na última segunda-feira (8) a Operação Spoofing, que investigava supostos hackers que teriam invadido celulares de autoridades, trouxe à tona a troca de mensagens em que os procuradores da Lava Jato que comemoraram a ordem de prisão contra o ex-presidente Lula (PT) em abril de 2018.

O coordenador Deltan Dallagnol celebrou: “Meooo caneco. Não da nem pra acreditar. Melhor esperar acontecer”. E, em meio a brincadeiras, arrematou dizendo que foi “um presente da CIA”. Basta para definir claramente qual a fidelidade do procurador e o sentido político da operação. Mostra também que não é privilégio exclusivo de militares fascistas saudar a bandeira norte-americana enquanto nominalmente servem ao Estado brasileiro.

A ação clandestina da Lava Jato no Brasil é apenas mais uma evidência daquilo que os próprios expedientes jurídicos e extra-judiciais já demonstraram antes: a operação foi uma farsa montada para levar Lula à cadeia, torná-lo inelegível e abrir o caminho para uma reorganização do poder do Estado pela direita. É preciso anulá-la, cancelar todos os processos, restituir os direitos políticos de Lula. É preciso reverter o processo fraudulento que levou Bolsonaro ao governo, convocar eleições gerais com a candidatura de Lula e desfazer a fraude eleitoral.

 

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