Em 16 de fevereiro de 1936, há 85 anos, a Frente Popular espanhola vencia as últimas eleições da Segunda República. A vitória da Frente Popular com 47,1% dos 9.864.783 votos na terceira e maior eleição da Segunda República resultou em 263 deputados para a Frente Popular contra 156 da Frente Nacional Contrarrevolucionária.
A frente popular, um fracasso, sob orientação stalinista.
Embora tenha surgido inicialmente sob iniciativa do líder dos republicanos “de esquerda”, Manuel Azaña, um ponto essencial para consolidação da Frente e participação Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) foi a adesão do Partido Comunista da Espanha (PCE).
Foi a mudança de posição de Stalin no VII Congresso da III Internacional realizado em Moscou no verão de 1935, que viabilizou politicamente a composição de amplos setores operários na Frente Popular. O abandono da tese do Social Facismo pelo PCE e adesão ao slogans de “frente antifacistas”, foi um dos pontos que consolidou a presença do PSOE na Frente Popular.
O problema é que os elementos “republicanos” da burguesia e pequeno burguesa que propuseram e integravam a Frente Popular, eram apenas uma sombra política da burguesia e nada acrescentaram à Frente Popular. A burguesia majoritariamente estava apoiando as diversas forças fascistas e contrarrevolucionárias que se organizaram no país.
O expressivo resultado eleitoral da Frente Popular na terceira eleição da Segunda República, eleição com maior participação popular chegando a 72,9% do eleitorado, foi resultado direto da intensa mobilização popular. Mobilização que tinha um caráter nitidamente revolucionário e que acabou sendo levada a via eleitoral, a ela é imposta uma série de candidatos burgueses e pequeno burgueses através da Frente Popular.
Os frutos amargos da Frente Popular
Serviu, em um primeiro momento, para trazer de volta ao governo setores extremamente desmoralizados da burguesia, que inclusive dirigiram a frente,
De imediato o resultado inicial da Frente Popular foi trazer de volta aos postos do governo setores extremamente desmoralizados da burguesia. O caso do Azaña, um político burguês extremamente desgastado que inclusive liderava a Frente Popular e foi posto à frente do governo.
O governo era incapaz de atender as expectativas da classe operária, não atendendo pontos mínimos como a anistia aos presos e processados políticos. O governo também era incapaz de acabar com os levantes populares da primavera de 1936, um dos motivos invocados pela direita para o golpe.
No final com a política stalinista a esquerda acabou sendo submetida aos interesses da burguesia, isso em um momento de extrema polarização política. A frente serviu como um freio ao movimento operário e afundou completamente a revolução espanhola. A derrota da classe operária na guerra civil espanhola deu origem a um longo e violento regime fascista, o Franquismo.