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6 de agosto de 1890 – primeira vítima da cadeira elétrica

Há 129 anos, William Kemmler era executado na cadeira elétrica pelo Estado na prisão de Auburn de Nova York, Estados Unidos. Seu inventor, Alfred P. Southwick, propusera o aparelho como uma alternativa “mais humana” de execução de condenados – preferível à forca. Desde então, e por pelo menos 100 anos, esse se tornaria o método de aplicação da pena capital mais usado naquele país.

Kemmler, um verdureiro ambulante, fora considerado culpado pelo assassinato de sua companheira, Matilda “Tillie” Ziegler em março de 1888. Tendo confessado o crime, Kemmler foi julgado culpado em 10 de maio e condenado à morte por eletrocução – pena adotada em janeiro daquele ano no estado de Nova York.

Nove anos antes, o engenheiro e dentista de Buffalo, Alfred P. Southwick, propusera o novo método, após observar relatos de mortes instantâneas por eletrocução decorrentes de contatos com geradores de alta voltagem já em uso nas lâmpadas a arco voltaico já usadas em iluminação pública. O inventor acreditava que a morte instantânea por eletrocução seria mais indolor, passando a realizar, juntamente ao médico George E. Fell, uma série de experimentos, e publicando-os em periódicos científicos em 1882.

Uma cadeira de dentista seria usada para conter a vítima, atada a tiras de couro, enquanto uma corrente de alta voltagem atravessaria seu corpo, provocando falência de vários órgãos vitais. O processo seria homologado somente em 1888, após testes, aprovação governamental, e mesmo uma batalha comercial entre as empresas Westinghouse e a Thomson-Houston pelo uso de corrente alternada ou contínua.

O recurso da defesa de Kemmler levada ao tribunal de segunda instância de Nova York argumentara que o uso de eletricidade como meio de execução constituiria “uma punição cruel e pouco usual”. Em vão. A corte sentenciaria: “é fato que uma corrente elétrica de intensidade suficiente e habilmente aplicada produzirá a morte sem sofrimento desnecessário”.

Kemmler seria executado às 6h da manhã na prisão de Aurburn e, embora demonstrasse nervosismo, não chegou a se descontrolar. Adentrou destemido na câmara de execuções, vestido num terno. Indagado se tinha algo a dizer, declarou: “Bem, senhores, desejo a todos boa sorte neste mundo. Acho que estou indo para um bom lugar, e que os jornais andam dizendo muita bobagem”. As mãos do guarda tremiam ao atar as tiras que prenderiam o condenado à cadeira, a ponto de ouvir dele mesmo: “Meu Deus, seu guarda, você poderia se acalmar? Tome um tempo, não se apresse!”

Um eletrodo em forma de chapéu metálico com uma esponja foi atado a sua cabeça, e outro à sua coluna, garantindo um caminho letal da corrente pelo corpo – ambos embebidos numa solução salina. O gerador da Westinghouse rugia na sala ao lado à medida em que aumentava a diferença de potencial até 2000 volts. O carrasco puxou o interruptor e por 17 segundos a corrente alternada atravessou o corpo de Kemmler, enquanto o pobre homem convulsionava. Southwick exultou: “Aí está a culminação de dez anos de estudo e trabalho! Vivemos numa civilização superior a partir deste dia”!

Mas Kemmler não morrera. Os guardas deram a ordem de retomar a corrente, mas o gerador demorou a recarregar-se, enquanto o condenado gemia e tentava respirar. Os presentes estavam horrorizados com o espetáculo grotesco. Quando o gerador voltou a atingir 2000 volts, aplicaram-lhe nova descarga de mais de um minuto até a morte da vítima. Havia um enorme interesse comercial em jogo. A popularização da energia elétrica dependia de seu uso seguro e controlado. Especialistas como Harold Brown e Thomas Edison garantiram nos jornais que o homem morrera sem dor desde o primeiro segundo de choque – sem deixar de recomendar maior voltagem em execuções futuras.

Desde então, até a década de 1980, milhares de pessoas seriam executadas nos Estados Unidos – autoproclamados exemplo de democracia burguesa – com este método especialmente brutal, quando entraria em declínio com o surgimento da injeção letal. No Brasil, a ditadura militar usaria a cadeira elétrica como instrumento de tortura, com um gerador manual e voltagens menores, o recurso ficou conhecido por Cadeira do Dragão.

Se a pena de morte é um instrumento da violência estatal – e portanto um recurso das classes dominantes contra as oprimidas – ela é elevada a um patamar superior de barbaridade com a cadeira elétrica, uma máquina industrial de matar que tortura a vítima com um violento choque em seus momentos finais.

 

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