Um grupo de 512 artistas divulgou uma carta de repudio à secretária de cultura do governo Bolsonaro, a ex-atriz Regina Duarte.
No documento, os artistas apontam as atitudes e palavras de Regina como dignas de repúdio. São denunciados os ataques à ciência, às artes, à imprensa e as ameaças à liberdade de expressão. Fica claro que a gestão de Regina Duarte não representa os artistas e todos os trabalhadores da área da produção e transmissão cultural.
A secretária de Cultura é amplamente denunciada pelo fato de não haver qualquer iniciativa por parte do governo Bolsonaro para amparar os artistas, que estão sendo afetados em virtude da pandemia do coronavírus. Apresentações teatrais, shows, oficinas culturais e editais públicos foram cancelados por todo o país. Contudo, nenhuma medida é tomada pelo governo, enquanto milhões de artistas são lançados na miséria. Até mesmo os artistas de rua estão impedidos de trabalhar.
O desgaste de Regina Duarte se agravou após entrevista concedida à CNN Brasil na última quinta-feira (07). Durante a entrevista, ela minimizou a repressão política aos artistas cometida no período da ditadura militar. Em uma determinada parte da entrevista, Regina cantou uma música da época da ditadura, o que escancarou seu apoio ao regime que censurava, torturava, assassinava e ocultava os cadáveres de artistas, intelectuais e jornalistas opositores. É fundamental considerar que a censura e o terror impostos aos artistas eram um eixo central da política do regime militar, que tinha por objetivo abafar e extinguir a vida cultural do país.
Desde que tomou posse, o governo Jair Bolsonaro tem se dedicado a censurar as manifestações artistas e, com isso, cassar na prática o direito de liberdade de expressão. Além disso, o presidente fascista incentiva a organização política da extrema-direita para perseguir e intimidar os artistas que expressem uma concepção crítica a seu governo em vários espaços.
O caso do ex-secretário Roberto Alvim é bastante característico do programa bolsonarista para a arte. Ele gravou um pronunciamento em que parafraseava Goebbels, o secretário de propaganda do regime nazista e fiel aliado de Adolf Hitler. Neste pronunciamento, Alvim expressava o desejo do governo Bolsonaro de criar uma arte conservadora, depurada de todo conteúdo crítico e controlada ideologicamente pela extrema-direita.
Regina Duarte é uma das faces do governo Jair Bolsonaro. Os indicados pelo presidente não representam ninguém, não possuem base popular. E mesmo uma atriz, quando assume um posto neste governo, significa um rompimento com os interesses dos artistas em geral.
Os artistas devem se engajar no movimento popular pela derrubada do governo Jair Bolsonaro. Diante de um governo que representa uma séria ameaça a todo tipo de atividade artística e intelectual, é um crime pretender neutralidade.