O Brasil atingiu no último dia 8 a trágica marca de 5 milhões de contagiados pela pandemia do coronavírus. O País se aproxima ainda de outra marca sinistra referente às vítimas fatais, que se aproxima de 150 mil brasileiros mortos. Ambos os dados devem ser lidos à luz das manipulações feitas nas estatísticas oficiais, cuja subnotificação é reconhecida até mesmo pelo governo e foi tema de matéria do jornal golpista O Globo (“Brasil tem mais de 5 milhões de infectados pela Covid-19”, 8/10/2020), onde se estimou que a quantidade de doentes pelo coronavírus pode chegar a 30 milhões. Sob cada um destes doentes, recai a responsabilidade não apenas do bolsonarismo mas também dos ditos “civilizados”.
Tendo aparecido como inimigos da política bolsonarista, os “científicos” manobraram o tempo com a ideia dos tais protocolos de segurança, a “Ciência” (inclusive com letra maiúscula mesmo) e mais uma série de artifícios para controlar o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro ao mesmo tempo em que buscavam impedir o desenvolvimento de uma rebelião popular aberta contra o governo golpista, e que fatalmente se alastraria para o regime político de conjunto.
Sem outra medida que não fosse trancafiar uma parte da classe média em suas residências através da política do “fique em casa”, os “científicos” nada fizeram no sentido de adquirir testes em massa para o povo brasileiro, diminuir a jornada de trabalho e implementar um sistema de turnos para a classe trabalhadora, aumentar a oferta de meios de transporte de para os trabalhadores que não pudessem parar, levar o isolamento social a uma parcela maior da população, aumentar o número de profissionais de saúde, garantir melhorias de infraestrutura e insumos de higiene, dar um auxílio que efetivamente permitisse às massas ficarem reclusas sem serem ameaçadas pela penúria completa,… Nada foi realizado.
Em contrapartida, todo tipo de medida repressiva foi vista no período, uma ampla campanha responsabilizando a própria população pela consequência natural da política genocida foi desenvolvida e justamente quando o País atinge cifras tão expressivas da catástrofe representada pela pandemia entre os trabalhadores, tendo que sobreviver entre a miséria, a rapina e o surto de contágios, os outrora científicos desenvolvem uma guinada profunda em defesa da reabertura total da economia, levando ao absurdo de o Grupo Globo colocar na boca de uma criança a frase “foi o dia mais feliz da minha vida” para caracterizar o retorno às aulas presenciais, uma propaganda entre o grotesco e o cômico. Mas de modo algum inocente.
Contando no último período com o apoio decisivo das organizações imperialistas como a OMS para validar a política defendida pelos grandes capitalistas, os “científicos” manobraram o quanto puderam para administrar a crise sanitária. Com a crise capitalista avançando, os limites da rapina generalizada dos orçamentos governamentais em escala global se revelando e ameaçando os lucros da burguesia, eis que a “Ciência” se revela sem máscaras, um elemento não apenas subordinado à luta de classes mas do lado da burguesia. Com consequências desastrosas para 5 milhões de brasileiros. Pelo menos. Até nisso a ciência se revela parceira do genocídio.