No dia 5 de outubro, se celebra em Portugal a Implantação da República, feito que ocorreu em 1910, tendo como principal agente o Partido Republicano Português (PRP). O levante que culminou no fim da monarquia constitucional, no entanto, havia começado no dia 3 de outubro daquele ano, e possui os motivos da revolta no fim do século anterior.
No final do século XIX, Portugal requisitava para si o domínio de uma região na África que se estendia da costa de Moçambique no Oceano Índico à costa angolana no Oceano Atlântico. Essa região ficou conhecida por “Mapa Rosa”. No entanto, em 1890, para resolver um suposto conflito entre Portugal e uma tribo africana conhecida como Makolo, o governo britânico de Lord Salisbury exigiu que Portugal retirasse suas tropas da região que hoje compreende a Zâmbia e o Zimbábue, em um movimento conhecido como Ultimato Britânico.
O governo português aceitou o ultimato imediatamente, o que fez com que se gerasse uma crise com a burguesia portuguesa que desejava a região, resultando na queda do então primeiro ministro e fazendo com que D. Carlos, rei de Portugal, fosse considerado o culpado pela humilhação e perda do país. Somasse a isso uma crise financeira em 1890-1891 por conta da crise do encilhamento que acontecia no Brasil com a proclamação da República. A própria proclamação da República no Brasil foi um incentivo para os partidários republicanos em Portugal.
A partir então do último decênio do século XIX e do primeiro do século XX, o PRP começou a se organizar melhor, possuindo jornais que o apoiassem e conquistando o apoio da população. Vendo que o partido representava uma ameaça ao regime, iniciou-se um processo de repressão contra seus membros, que no entanto conseguiram dar continuidade a seu projeto político.
No ano de 1908 o rei D. Carlos e o príncipe Luís Filipe são assassinados na Praça do Comércio de Lisboa. O assassinato foi atribuído ao fato de o rei ter fechado o parlamento para colocar no governo uma figura que se tornaria um ditador entre 1906 e 1908, João Franco, além do grande desgaste que a monarquia vinha sofrendo desde o final do século anterior.
O regicídio coloca o fim à ditadura de João Franco e alça ao trono D. Manuel II. Com isso os partidos monárquicos se lançam uns contra os outros, abrindo o caminho para o fim da monarquia. Nas eleições legislativas de 1908 o PRP consegue 7 parlamentares. Nas de 1910, consegue 14. Porém, ainda assim, a ala revolucionária do PRP ainda requisitava a luta armada como forma de colocar fim ao regime, sendo essa ala a vitoriosa em um congresso realizado em 1909.
A revolução explode no dia 03 de outubro de 1910, após um período de inquietação política e de vários avisos de insurreição, fazendo com que o exército português ficasse de prontidão esperando pela revolta. No entanto, os revolucionários conseguem articular um ótimo plano para a tomada de poder, cortando linhas férreas e telefônicas para impedir a chamada de reforços, como impedir que os reforços chegassem a tempo, além de conseguir dominar o mar.
No dia 04 o rei resolve sair do país, fazendo com que boa parte de seu exército se sinta desamparada. Praticamente não há combate, há não ser durante poucos momentos, como a madrugada do dia 04 para o dia 05, quando um destacamento do exército monárquico e outro dos revolucionários se enfrentam com bombas. No entanto, o exército monárquico, que deveria voltar a bombardear na manhã do dia 05, se sente desamparado.
Um diplomata alemão que chegava recentemente à cidade pede para que o exército monárquico peça um tempo de cessar fogo, tendo em vista que poderiam evacuar os estrangeiros durante esse período e esperar reforços vindos do interior. No entanto, no momento em que os combatentes republicanos veem o alemão com a bandeira branca, pensam que as forças monárquicas estão se rendendo. Nesse momento os republicanos e a maioria da população tomam as ruas para comemorar a proclamação da república. Vendo isso, as forças monárquicas não se opõem e, às 9 horas da manhã, o republicano José Relva proclamava a República na varanda do edifício da Câmara Municipal de Lisboa.