O golpe de Estado de 2016 tem entre seus principais objetivos diminuir ao máximo o salário e os direitos trabalhistas conquistados pelos trabalhadores brasileiros em mais de um século de lutas.
Esse propósito está avançando a passos rápidos. O Brasil já tem mais de 40% da sua mão-de-obra ativa na informalidade, o que corresponde a 38,4 milhões de pessoas. Quando se acrescenta a esses números os 11,8 milhões de desempregados e mais os 4,7 milhões de desalentados – desempregados que desistiram de procurar emprego – o País apresenta um quadro com aproximadamente 55 milhões de pessoas sob condições mínimas de sobrevivência.
Os dados acima fazem parte da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE que apresentou, ainda, um outro dado muito impressionante da deterioração das condições de vida e trabalho no País.
Segundo a mesma pesquisa, 27,3 milhões de brasileiros ganham, no máximo, até 1 salário mínimo por mês, o que corresponde a aproximadamente um terço da mão-de-obra economicamente ativa do Brasil, cerca de 79 milhões de brasileiros. Considerando o último trimestre de 2019, esses trabalhadores que recebem até um salário eram mais ou menos distribuídos da seguinte forma: 20,9 milhões empregados informais e 6,2 milhões empregados com carteira assinada.
Trocando em miúdos, quando se leva em conta que cerca de 16,5 milhões de brasileiros estão desempregados ou desistiram de procurar emprego, o número de trabalhadores que recebem até 1 salário mínimo é superior a 43% da população economicamente ativa do Brasil.
Esse é o “milagre” do golpe: impor uma condição de semi-escravidão ao povo brasileiro. Quando a esses números acrescentamos o desmonte da aposentadoria pública, o desmonte da saúde público e mais uma série de iniciativas do governo que fatalmente vão impactar no desemprego e no subemprego, como são o caso das privatizações, do desmonte do serviço público e a consequente demissão de servidores públicos, e da destruição da legislação trabalhista é fácil perceber aonde os golpistas querem chegar.
É por isso que a luta pelo fora Bolsonaro é uma questão vital para os explorados do País. Esperar 2022 é muito distante para o povo brasileiro. A luta tem de ser agora. Aliado ao fora Bolsonaro, as organizações, partidos, sindicatos que efetivamente lutam contra o golpe e o fascismo devem levantar imediatamente a palavra de ordem do salário mínimo vital que, segundo o DIEESE, aproxima-se dos 5 mil reais. Uma outra questão vital necessária para fazer frente à política escravagista dos golpistas é a luta pela diminuição da jornada de trabalho para 35 horas semanais, sem diminuição dos salários de tal maneira que, de imediato, sejam criados milhões de postos de trabalho para os desempregados e os trabalhadores da economia informal.