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Em meio a ofensiva golpista, mostra afro-brasileira Palmares expõe pinturas, esculturas e gravuras da cultura negra

Está sendo realizada a 33ª edição da Mostra Afro-Brasileira Palmares, pelo Instituto do Movimento de Estudo da Cultura Afro-Brasileira (Imecab).

A Mostra foi aberta no Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro, a mostra coletiva é voltada para a promoção da igualdade racial, e segue em exposição no Museu de Arte até 31 de dezembro. O espaço abre de segunda a sexta-feira, das 13h às 18h, e fica na Rua Sergipe, 640, no centro.

Até a 11ª edição, foi chamada de Mostra Zumbi dos Palmares. A exposição é reconhecida por artistas do circuito de artes plásticas como um dos eventos mais significativos e de prospecção da cultura negra no Brasil. Desde a primeira edição, em 1986, a Mostra já recebeu artistas de países como Portugal, Moçambique, Finlândia, Japão, Rússia, Cabo Verde, Alemanha e Uruguai.

Nesta edição apresenta trabalhos de 19 artistas de cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Londrina. São diversas pinturas, esculturas e gravuras que buscam retratar a figura do negro como herói, em oposição ao preconceito ainda existente contra a cultura afro-brasileira.

E não é para menos, pois, de quem menos se esperava, o exemplo de intolerância e preconceito veio demonstrar as raízes profundas desse desprezo à cultura afro-brasileira. Falo do fascista Jair Bolsonaro, recém eleito presidente do Brasil por meio de uma fraude eleitoral e outras manobras torpes da burguesia imperialista. Exemplo disso foram as declarações racistas que deu contra quilombolas, indígenas e refugiados.

Esse enraizamento da opressão social nos dá mostras de como funciona a exploração capitalista e de um problema mais profundo e mais antigo do que se imagina. Isso é o que se conclui pela observação de indicadores sociais, como, por exemplo, da Pesquisa Mensal do Emprego, essa de 2015, quando se constatou que os trabalhadores negros ganhavam à época, em média, 59,2% do rendimento que os brancos ganhavam, o que também pode ser explicado pela diferença de educação entre esses dois grupos. Além disso, de acordo com um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o percentual de negros assassinados no país é 132% maior que o de brancos.

Daqueles que ganham menos de um salário mínimo, 63% são negros/pardos e 34% são brancos. Dos brasileiros mais ricos, 11% são negros/pardos e 85% são brancos. Em uma pesquisa realizada em 2000, 93% dos entrevistados reconheceram que existe preconceito racial no Brasil, mas 87% dos entrevistados afirmaram que mesmo assim nunca sentiram tal discriminação. Isto indica que os brasileiros reconhecem que há desigualdade racial, mas o preconceito não é uma questão atual, mas algo remanescente da escravidão. De acordo com Ivanir dos Santos (ex-especialista do Ministério da Justiça para assuntos raciais), “há uma hierarquia de cor da pele onde os negros parecem saber seu lugar.”[Para a advogada Margarida Pressburger, membro do Subcomitê de Prevenção da Tortura da Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil ainda é “um país racista e homofóbico.”

Um relatório divulgado pela ONU em 2014, com base em dados coletados no fim de 2013, apontou que os negros do país são os que mais são assassinados, os que têm menor escolaridade, menores salários, menor acesso ao sistema de saúde e os que morrem mais cedo. Também é o grupo populacional brasileiro que mais está presente no sistema prisional e o que menos ocupa postos nos governos. Segundo o relatório, o desemprego entre os afro-brasileiros é 50% superior ao restante da sociedade, enquanto a renda é metade da registrada entre a população branca. As taxas de analfabetismo são duas vezes superiores ao registrado entre o restante dos habitantes. Além disso, apesar de fazerem parte de mais de 50% da população (entre pretos e pardos), os negros representam apenas 20% da produção do produto interno bruto (PIB) do país. A violência policial contra os negros e o racismo institucionalizado também são apontados pelas Nações Unidas. “O uso da força e da violência para o controle do crime passou a ser aceito pela sociedade como um todo porque é perpetuado contra um setor da sociedade cujas vidas não são consideradas como tão valiosas”, criticou a ONU. Em 2010, 76,6% dos homicídios no país envolveram afro-brasileiros. Apesar de reconhecer avanços no esforço do governo para lidar com o problema, o chamado mito “democracia racial” foi apontado pela organização internacional como um impedimento para superar o racismo no país, visto que é “frequentemente usado por políticos conservadores para desacreditar ações afirmativas”. “A negação da sociedade da existência do racismo ainda continua sendo uma barreira à Justiça”, afirmou o relatório.

Não resta a menor dúvida de que o avanço das políticas neoliberais e o predomínio do capital financeiro estão diretamente associados ao extermínio da população negra, já bastante massacrada pela segregação racial promovida pela elite burguesa nos governos anteriores, apesar de ter conseguido respirar um pouco com um governo mais à esquerda que resistiu até o golpe em 2016, quando eles voltam ao poder com o nazista do Bolsonaro.

A importância de se resistir não é apenas pela luta pelo reforço das ações afirmativas à favor dos grupos marginalizados, mas, antes mesmo disso, trata-se de entender a luta de classes que, embora querem fazer crer não existir mais na sociedade pós-industrial, é o que mais conseguimos ver saltando aos olhos quando vemos o imperialismo aprovar a PEC dos Bancos; a lei da terceirização da atividade fim da empresa, a reforma trabalhista, quando o bico é oficializado, e a destruição próxima se aproximando com a anunciada “reforma previdenciária”, que relegará aos bancos privados a aposentadoria com altas taxas e tornará impossível ao trabalhador algum amparo na velhice. Parece a volta da escravidão!

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