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Superexploração

32 milhões de brasileiros trabalhando mais e ganhando menos

A crise econômica do país está servindo como desculpa para que os patrões - agora invisíveis - pesem a mão sobre o trabalhador

Segundo um estudo apresentado pelo Instituto Locomotiva e apresentado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) em seu portal online, a crise, provocada pela ingerência dos governos golpistas de Direita, recaiu, mais uma vez, sobre as costas dos trabalhadores brasileiros. Segundo o levantamento, o alto índice de desemprego, a pandemia e o agravamento da situação econômica do Brasil abriram um espaço para que a exploração dos trabalhadores do país se agravasse, de forma que os mesmos estão sendo submetidos a jornadas mais longas e com salários menores, principalmente em empresas de plataformas digitais.

Outro fenômeno apontado pelo levantamento é o de que, agora, o “chefe”, o “patrão” dessas pessoas ficou invisível, de forma que o celular faz este papel, quando não um algoritmo pré-programado. Se já era difícil conseguir um horário para discutir salários e direitos trabalhistas com uma pessoa real, se tornou impossível com esta nova modalidade de trabalho. Segundo o estudo, de fevereiro do ano passado até agora, 11,4 milhões de novas pessoas recorreram a aplicativos como Uber, Ifood, Rappi, 99Táxis, etc., para garantir suas rendas. O número agora é de 32,4 milhões de pessoas, ou 20% da população adulta do país, que utiliza aplicativos para trabalhar. Antes da pandemia, era 13%.

O neoliberalismo, como vemos, tenta todos os dias vender a imagem de que as empresas de aplicativos estão ajudando a população, que estão “salvando” os empregos do Brasil. Entretanto, escondem a relação tenebrosa que possuem com seus trabalhadores, em que alguns aplicativos específicos pagam R$ 1,00 (um real) por quilômetro rodado para seus entregadores. Não obstante, como bem observado pelo artigo da CUT, os pequenos empresários também estão sofrendo, quando não fechando por conta das grandes empresas de e-commerce e seu caráter monopolista na internet. “Quando uma empresa deixa de pagar a Previdência de um trabalhador terceirizado, ela não ajuda a pagar o sistema de saúde e a educação gratuitos que este trabalhador e seus filhos utilizam. Ela sobrecarrega o serviço público, transformando a economia das cidades”, disse Ari Aloraldo, Secretário de Relações de Trabalho da CUT.

Tudo isso acontece, justamente, através do sistema financeiro do País, este que está umbilicalmente ligado às plataformas que incentivam e financiam lançamentos de startups que depois são compradas por elas mesmas. “Quem financia o que chamo de plataformismo é o setor financeiro, que fecha seus setores de pesquisas e incentivam o surgimento de startups. Tudo isso se encaixa de uma etapa da reestruturação produtiva onde a dominação tecnológica reforça a hegemonia financeira do capitalismo. A consequência é mais a precarização, a vampirização da renda, num processo sem igual na história da humanidade”, disse o professor do IFF Roberto Moraes.

“A pesquisa faz um bom diagnóstico, mas com aquele olhar da empregabilidade, como um grande setor que absorveu mão de obra, mas não discute a qualidade da ocupação. No entanto, ela reflete a questão social que o país enfrenta”, disse Ari Aloraldo. O professor Roberto Moraes, chama, no artigo da Central Única, o fenômeno de “plataformismo”, uma nova modalidade de trabalho onde quem treina os algoritmos e escreve os aplicativos são os funcionários mais qualificados – e minoritários –, enquanto a grande maioria que faz o produto funcionar são os menos qualificados que utilizam os aplicativos como ferramentas de trabalho, enquanto obedecem a um chefe invisível. Não tem, nunca, por exemplo, acesso a uma pessoa do RH ou ao seu patrão para reclamar ou justificar suas possíveis falhas e faltas.

“É uma mudança colossal, o chefe dele, o capataz, não é mais o seo João, é o celular, é o algoritmo e ele passa a ter relação meio lúdica, que não teria no chão da fábrica”, ressaltou Moraes. É através disso que, segundo Roberto, os entregadores de aplicativos agem como jogadores de vídeo games: eles precisam vencer certos obstáculos e acumular pontos para conseguir mais pedidos e, desta forma, ganhar mais dinheiro. Entretanto, quando perdem a pontuação por qualquer motivo, não tem a quem recorrer a não ser, claro, o próprio aplicativo que lhe responde com uma mensagem padronizada. “É um processo de dominação tecnológica, de escravização, de servidão, de super exploração, em que a pessoa pede pelo amor de Deus para trabalhar e ter condição de, no mínimo, sobreviver (…) Hoje há um feudalismo digital, o senhor, o patrão, é dono da Big Tech, o Rappi, o Ifood e o servo é o trabalhador do aplicativo, que nem pode fugir para um quilombo”, disse Roberto. “ Não se tem proteção social, é um bico que só vale quando seu carro funciona, e se seu celular é bom com um a boa conexão de internet”, critica o dirigente.

Além daqueles que estão nas ruas se arriscando todos os dias, o levantamento considerou, também, a situação dos trabalhadores do Home Office. Segundo o artigo da CUT,  basta fazer um levantamento sobre adoecimento físico e mental dos trabalhadores em home office para se chegar à conclusão que eles tomam menos sol do que presidiários. “Parece prisão domiciliar, mas a casa do trabalhador virou extensão da empresa e ele ainda tem de pagar com toda a estrutura, com os móveis que teve de comprar, o uso da água, da energia, do ar condicionado. Enfim, toda a estrutura e ferramentas do trabalho recaem sobre o trabalhador”, afirmou Ari Aloraldo. Entretanto, o presidente do Banco Santander disse que o home office está “dando sinais de porosidade” de trabalho, de forma que a tendência é que se enxugue, cada vez mais, o setor em face da suposta desnecessidade de agências físicas, mesmo nas grandes cidades. Com o PIX, os aplicativos e os sites, as agências seriam desnecessárias – bem como o emprego de seus trabalhadores.

Por exemplo, As fintechs (majoritariamente startups que trabalham para inovar e otimizar serviços do sistema financeiro), segundo ele, são um grande mercado. O PagSeguro do UOL representa ¾ do lucro da empresa do grupo da Folha de S. Paulo. O Mercado Pago, do Mercado Livre teve um lucro, em um ano na América Latina, por meio deste tipo de pagamento, de US$ 50 bilhões e na venda de mercadoria direta e indireta, o shopping virtual, de US$ 20 bilhões. De acordo com Moraes, o capitalismo de plataformas é movido por dois fatores fundamentais: o primeiro é a enorme extração de valor do trabalho e de suas rendas no território, no lugar onde as pessoas vivem, na base da pirâmide social; o segundo seria a escala nacional global em que essas infraestruturas podem atuar contra economias regionais de onde recolhem seus excedentes, eliminando parte do comércio e outros empregos e alterando as economias locais.

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