Durante o século XX, Portugal atravessou um longo período marcado por ditaduras e golpes de Estado. De 1926 a 1933 teve vigência a chamada Ditadura Nacional, regime liderado pelo presidente Óscar Carmona. Em 1933 foi aprovada uma nova constituição e iniciou-se o regime conhecido como Estado Novo, cuja principal liderança foi António de Oliveira Salazar. A ditadura fascista de Portugal encerrou-se em 1974, após sufocar a vida política portuguesa por 48 anos.
A ascensão do fascismo em Portugal não foi obra do arbítrio deste ou daquele indivíduo, não foi um acontecimento casual ou isolado. Trata-se do resultado de um desenvolvimento histórico complexo. Um dos elementos desse desenvolvimento é a degradação da monarquia constitucional portuguesa na transição do século XIX para o século XX.
O apodrecimento da monarquia se manifesta, por exemplo, nos embates entre monarquistas e republicanos. Nos anos 1870 foi fundado o Partido Republicano Português, com o objetivo de encerrar a monarquia. A primeira tentativa relevante do movimento republicano no sentido da tomada do poder ocorreu em 31 de janeiro de 1891, na revolta republicana da cidade do Porto.
O que deflagrou a revolta foi um fracasso político do governo português quanto às suas colônias africanas de Angola e Moçambique. Ambos os países se situam no sul da África, o primeiro na costa oeste, o segundo na costa leste, mas não são fronteiriços. A monarquia portuguesa tinha intenção de unificá-los, tomando alguns dos territórios situados entre os dois países.
A esse projeto opôs-se frontalmente a Inglaterra. Em 1890, ameaçando um confronto militar, ela impôs aos monarquistas portugueses a derrota do plano de unificação. A rendição do governo português diante da ameaça britânica soma-se a uma sequência de crises políticas. Intensifica-se o descontentamento da burguesia, das camadas médias e, numa certa medida, da classe operária portuguesa.
Nesse contexto, em 31 de janeiro de 1891, um grupo formado sobretudo por militares de baixa patente dirigiu-se à Câmara Municipal do Porto e proclamou a república. Embora expressasse uma ampla insatisfação, o levante foi derrotado por meio de uma dura repressão militar, com várias mortes, prisões, fugas e degredos.
Após a revolta, a monarquia constitucional portuguesa atravessou um período turbulento no qual não conseguiu estabilizar o regime. Em 1910 aconteceu um golpe de estado republicano e a monarquia foi definitivamente sepultada. Mas a república também não será capaz de promover a estabilidade político-econômica. À semelhança do que ocorreu na Itália, na Alemanha e na Espanha, a burguesia teve de recorrer ao fascismo para tentar controlar a situação de crise.
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