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Golpe imperialista de 1945

29/10/1945: Getúlio Vargas renuncia em meio a golpe militar

O golpe de 1945 derrubou o governo Vargas, que já possuía políticas nacionalistas, e impôs o governo pró imperialista do marechal Dutra, militar que botou o PCB na ilegalidade

No dia 29 de outubro de 1945 Getúlio Vargas foi derrubado por um golpe organizado pelo imperialismo, ele seria derrubado novamente em 1954 em um novo golpe, contudo este levaria a seu suicídio. Por dar um fim ao regime do Estado novo, uma ditadura que se iniciou em 1937 pelo próprio Vargas, o golpe de 1945 muitas vezes é mal compreendido pela esquerda que analisa o acontecimento como uma oposição entre a democracia e a ditadura, esse tipo de analise leva a um mal entendimento dos fatos, por isso é necessário uma analise marxista, ou seja, uma analise com base na luta de classes.

O governo de Getúlio Vargas se iniciou com a revolução de 1930, apesar de ser o líder do processo revolucionário, ele era um representante da oligarquia do Rio Grande do Sul chegando a fazer parte do próprio governo que foi derrubado como ministro da fazenda. A primeira confusão se dá justamente pelo fato da revolução ter sido liderada por sua ala direita, ligada as oligarquias, mas isso não anula o fato de que o processo causou profundas mudanças na sociedade brasileira, mesmo sem ter tido uma enorme mobilização das massas como ocorreu em outras revoluções do século XX, após 1930 a burguesia industrial passou a ter o poder político e a crescer rapidamente conforme o Brasil ia se industrializando.

O período entre 1930 e 1937 foi um período de disputa, é preciso também inseri-lo no contexto internacional de uma conjuntura de um gigantesco acirramento da luta de classes. Na Europa houve a ascensão do nazismo em 1933, as revoluções derrotadas na Espanha e na França em 1936, na China apesar da derrota da revolução em 1927 a guerra civil continuava entre os comunistas e o Kuomintang e na América Latina a situação não era diferente. No Brasil se formou a Ação Integralista Brasileira, o maior partido fascista fora da Europa e também se fortaleceram as organizações operárias, como por exemplo a FUA que protagonizou a Batalha da Praça da Sé, também conhecida como a Revoada dos Galinhas Verdes, que esmagou o integralismo em São Paulo.

Houve disputas entre a burguesia brasileira como a chamada Revolução Constitucionalista de 1932 que fortaleceu o poder da burguesia paulista em relação ao tenentismo e também a Constituição de 1934 que cristalizou esse poder. Já em 1935 houve o levante organizado pelo PCB por meio da Aliança Nacional Libertador, ANL, chamado pelos militares de intentona comunista, que foi derrotada e levou a uma profunda repressão de toda a esquerda nacional, com estimativas entre 10.000 e 15.000 prisões de militantes e simpatizantes de todos setores da esquerda. Este evento abriu caminho para o golpe de 1937 que iria instaura o Estado novo, um regime de tipo fascista que reprimiria mais ainda a classe operária brasileira.

Apesar do caráter fascista do governo Vargas a conjuntura com forte influencia ainda da Revolução de 1930 e da disputa entre os países imperialistas que enfraquecia seu domínio sobre o Brasil fez com que o governo pudesse assumir uma postura nacionalista. Assim se obteve duas grandes conquistas que foram a Companhia Siderúrgica Nacional e também a Vale do Rio Doce, contudo o caráter repressivo do governo não permitia que as conquistas se dessem sob a mobilização popular, na realidade elas foram feitas por meios de acordos com o imperialismo que ganhou por exemplo uma base militar em território nacional e também a participação dos soldados brasileiros, que foram usados como bucha de canhão, na guerra mundial.

Conforme foi se estabelecendo a vitória do imperialismo dos EUA contra o nazismo, que disputavam o Brasil, a conjuntura de se aceitar algum desenvolvimento do Brasil desabou e assim se iniciou a articulação golpista. O governo Vargas já percebendo as mudanças políticas iniciou um processo de abertura da ditadura, mas visto que ele poderia se tornar uma grande figura popular, já que nos últimos anos havia criado muitos direitos trabalhistas condensados na CLT, o imperialismo não estava disposto a aceitar Getúlio no governo.

No ano de 1945 os presos políticos foram soltos, novos partidos foram criados e foram prometidas eleições presidenciais para dezembro, assim se iniciou um movimento popular impulsionado por Vargas que ficou conhecido como o queremismo, isto é, queremos Getúlio candidato. O PCB seguindo a política de frente popular da Terceira Internacional aderiu ao movimento que assim ia ganhando força e se tornando um real entrave para o imperialismo. No dia 27 de outubro um comício pró Getúlio foi impedido pelo chefe da polícia do Rio de Janeiro (na época a capital do país), Vargas o demitiu do cargo e assim se iniciou a disputa política que levaria a sua derrubada.

O Marechal Dutra, ministro da guerra e capacho do imperialismo foi o organizador do golpe, depois ele se tornaria presidente em 1946. Seu governo apesar de ter um ar de democrático foi altamente repressivo cassando todos os políticos do PCB e os colocando na ilegalidade, além disso a política econômica brasileira se curvou completamente aos interesses do imperialismo. Essa alternância é o fator que gera a confusão, pois supostamente a “democracia” havia vencido a ditadura, o que aconteceu na realidade é que a burguesia nacional representada por Vargas sofreu o golpe da burguesia imperialista que impôs sua política.

O golpe de 1945 não teve sucesso completo pois Vargas retornou nas eleições de 1950 com um gigantesco apoio popular sendo eleito com 49% dos votos no primeiro turno. Seu governo agora apoiado sob a ampla mobilização das massas iria realizar enormes conquistas, como o BNDE e a Petrobrás, criando a infra estrutura para a industrialização do Brasil. Foi necessário mais um golpe em 1954, que não foi totalmente vitorioso devido à enorme reação das massas, e outro novamente em 1964 para acabar com o nacionalismo burguês no Brasil. Fica claro que frente à brutal força de dominação do imperialismo a única classe capaz de combatê-lo é a classe operária em sua luta pelo socialismo.

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