O teórico francês Georges Sorel foi um dos expoentes da corrente revisionista do marxismo. Ele foi engenheiro, formado pela Escola Politécnica. Suas ideias foram muito populares em seu país, na Itália e nos Estados Unidos.
O revisionismo político de Sorel significa um desvio do marxismo. Sorel recusa a cientificidade do pensamento de Marx e Engels e coloca em primeiro plano o espontaneísmo da ação política, algo completamente alheio aos pressupostos da doutrina marxista. Por sua concepção anarcossindicalista, Sorel aposta no movimento espontâneo das massas revolucionárias em direção a um greve geral, que aboliria o capitalismo, mas sem passar pela construção de um partido de vanguarda, operário e revolucionário que conduza os trabalhadores à tomada do poder do Estado.
Esse revisionismo vai no sentido da teoria da ação, que recusa a análise sistemática das condições objetivas e subjetivas do desenvolvimento da luta de classes.
O partido político do proletariado é recusado em detrimento da organização de tipo sindical. A participação política do proletariado nas instituições representativas da burguesia é considerada um desvio para a luta dos trabalhadores.
Em relação ao método, Sorel parte de uma concepção idealista, considerando que a revolução ocorreria, antes de tudo, na esfera da consciência. Isto é, o desenvolvimento da consciência não seria uma questão eminentemente prática, ligado às condições econômicas e políticas.
O marxismo é classificado na categoria de mito. A mobilização dos trabalhadores não seria uma questão racional, de análise das condições concretas e vinculadas a interesses materiais, mas sim algo de tipo irracional. As condições para a revolução não são objetivas, mas instintivas, a inconsciência coletiva trazida à tona de modo violento pela força do mito. Isto é, o racional, a análise política e a doutrina são substituídos por concepções irracionais.
Sorel é o principal expoente do revisionismo de esquerda, com formulações aparentemente ultrarrevolucionárias, mas que vão na contramão da verdadeira doutrina revolucionária marxista de Marx e Engels. O revisionismo, de modo geral, abdica dos princípios do marxismo e é incapaz de levar a classe operária mundial à derrubada da burguesia e ao socialismo.
A entrada do capitalismo em sua fase imperialista, que ocorreu no final do século XIX, cria uma camada oportunista que se adapta ao regime político burguês. Daí surge a tendência política do revisionismo, que coloca a ideia da evolução pacífica do capitalismo em direção ao socialismo mediante reformas no ordenamento jurídico burguês. A catástrofe social ocasionada pelo sistema capitalista, que geraria as convulsões sociais que apontariam para sua superação, é substituída pela evolução pacífica e uma série de formulações especulativas.