No dia 27 de junho de 1973 foi dado o golpe de Estado no Uruguai, neste dia mais um país da América Latina caía nas mãos dos militares de extrema direita apoiados pelo imperialismo, principalmente dos EUA. O presidente do país Juan María Bordaberry em aliança com as forças armadas fechou o Congresso e, apenas três dias depois, a CNT, Convenção Nacional dos Trabalhadores, a maior central sindical do Uruguai foi posta na ilegalidade. Mostrando, desde o princípio, as tendências fascistas da ditadura, que massacrou o povo uruguaio por 12 anos.
O imperialismo a partir do fim da Segunda Guerra mundial estabeleceu a América Latina como uma área de dominação dos EUA, já em 1945 começaram as intervenções com a primeira derrubada de Getúlio Vargas no Brasil. Em 1954 foram orquestrados golpes na Guatemala, no Paraguai e novamente contra Vargas no Brasil que, dessa vez, falhou devido a enorme mobilização popular após o seu suicídio. O Brasil só cairia nas mãos dos militares em 1964 com o golpe contra Jango, o que teve um enorme impacto na região visto que é o maior e mais importante país.
As mobilizações populares eram intensas em todo esse período e a Revolução Cubana em 1959 foi uma enorme inspiração para toda a esquerda latino americana. No Uruguai isso se refletiu tanto no aumento da luta sindical, com a fundação da CNT em 1964, e também no início da luta armada. Sendo a mais importante organização o Movimento de Liberación Nacional Tupamaros, do qual fazia parte o ex-presidente Pepe Mujica. A crise econômica que havia se iniciado em 1955 havia se transformado também em uma crise política que gerava uma polarização cada vez maior, e assim também surgiam grupos fascistas como os esquadrões da morte e a Juventude Uruguaia de Pé.
Em 1972 os principais dirigentes Tupamaros foram capturados pela polícia que assim neutralizou o principal grupo da luta armada, mas isso não era o suficiente para a burguesia, era preciso uma medida mais dura que destruísse as organizações dos trabalhadores assim como havia sido feito nas outras ditaduras militares como a do Brasil. Já em fevereiro de 1973 houve uma disputa política entre o presidente civil Bordaberry e as forças armadas, que se levantaram contra o governo e o forçaram a assinar o Acordo de Boiso Lanza, que dentre outras medidas criava o Conselho de Segurança Nacional do Uruguai, era o início do golpe que se consolidaria em junho.
Quando o presidente e as forças armadas fecharam o congresso no dia 27 de junho, os trabalhadores se levantaram contra o golpe em uma greve. Convocada pela CNT, durou 15 dias, mas foi derrotada dando início a tragédia em mais um país da América Latina. Não só os partidos foram cassados, sindicatos fechados, a censura estabelecida, como também se estabeleceu o regime de tortura, assassinatos e desaparecimentos que assolou tantos países do continente.
O novo governo rapidamente se alinhou com os governos de extrema direita dos países da região e com o imperialismo através da Operação Condor. A operação terrorista organizada pelos EUA tinha o objetivo de erradicar completamente a esquerda sul americana, ou seja, assassinar, torturar, arremessar de aviões e realizar quaisquer outras atrocidades que pudessem reprimir os trabalhadores latino americanos e suas organizações. As estimativas conservadoras são de 60 mil assassinados, 400 mil presos, inúmeros torturados, mas o resultado foi pior do que a destruição da vida de todos esses seres humanos, foi também destruída toda um geração da esquerda e com ela toda uma possibilidade de melhoria da vida de toda a população.
A ditadura uruguaia caiu em 1985, mesmo ano em que a brasileira, devido às mobilizações populares, mas os militares e a extrema direita recentemente voltaram a ameaçar o regime. A eleição do presidente de extrema direita Lacalle Pou recentemente foi um passo nessa direção. Como no século passado, só há um caminho para os povos da América Latina. Unir-se contra o imperialismo e seus serviçais, pelo Fora Bolsonaro, Guaidó, Áñez, Lenin Moreno, Duque, JOH, Piñera, Lacalle Pou e todos os golpistas!