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25 anos do Plano Real: a miséria e a fome

No dia 1º de junho de 1994, há 25 anos, o governo de Itamar Franco lançava o Plano Real que mudava a moeda Brasileira e colocava a população a reboque do pagamento de juros para banqueiros. Em sua estrutura, o pacote executava algumas das diretrizes do consenso de Washington: “disciplina fiscal”, corte de gastos públicos, reforma tributária, abertura comercial, investimento estrangeiro direto, privatização das estatais, desregulamentação de leis econômicas.

A chamada disciplina fiscal, atrelada ao corte de gastos públicos e às privatizações, nada mais é que uma desculpa para cortar programas sociais e salários de servidores, destruindo as políticas públicas em geral. Desnecessário ponderar que a abertura comercial e a desregulamentação servem ao Imperialismo.

Câmbio e taxas de juros, por outro lado, passaram a figurar como ferramentas de controle inflacionário. O câmbio permaneceria congelado por cinco anos, quando dispararia. A taxa de juros, no Brasil, continua estratosférica até hoje, refreando investimentos reais e estimulando a dependência do país de capital especulativo.

Nas palavras de Pérsio Arida, funcionário dos banqueiros do Grupo Moreira Salles e, como presidente do Banco Central, um dos economistas que implementou o Plano Real: “A população é a grande fiadora da estabilização”. Nada mais certo. O mecanismo implementado pelo Plano Real jogou nas costas da população todo o ônus pela estabilização da moeda.

O aumento da independência do Banco Central – inclusive agravada após o golpe -, na verdade tornou a política de juros num motor econômico completamente desatrelado das políticas de Estado. Com isso, a Autoridade Monetária Nacional passou a chantagear a população com o fantasma da inflação, garantindo a sustentação política da priorização da rolagem da dívida pública e do pagamento de juros a banqueiros.

Uma suposta estabilidade econômica seria conseguida à custa da miséria do povo e não de investimentos reais em nosso país. A série histórica do Índice de Gini, por exemplo, que mede desigualdade social, se manteve estável entre 1995 e 2002 – governo do PSDB – num patamar alto na casa de 0.6. Tal indicador, que oscila de 0 (para um país perfeitamente igualitário) e 1 (para um país brutalmente desigual), manteve o Brasil em pé de igualdade com nações atrasadas da África e Ásia, brutalmente açoitadas por séculos de escravidão e por uma política colonial tardia que avançou até o final do século 20.

Segundo o IBGE, também a pobreza e a extrema pobreza se manteriam estabilizados em patamares altos nesse período. Entre 1995 e 2002, cerca de 35% da população brasileira se manteria abaixo da linha da pobreza, e cerca de 17% seria mantido abaixo da linha de extrema pobreza. No mesmo período. Cerca de 14% de nosso povo se manteria em situação de insegurança alimentar – nome técnico para a fome.

Prova da crueldade social de tais políticas foi a queda de todos esses indicadores sociais a partir dos mandatos do PT – que ao fim e ao cabo logrou manobrar com as taxas de juros por 13 anos deixando sobrar algum mísero recurso para a população. Sinal do absoluto descaso estatal da era do PSDB para com as condições de vida do povo foi o surgimento da célebre campanha Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, a qual – num recurso desesperado – puxava para o campo da filantropia a solução de um problema estrutural a ser resolvido pelo Estado.

Num festival de cinismo, a imprensa burguesa vem se dedicando nessa semana a celebrar o jubileu de prata do Plano Real. Seus criadores são campeões do Imperialismo – nada menos que almofadinhas a serviço de banqueiros. Escondendo-se por trás dos ternos, cabelos lambidos e pose de homens sérios — talvez até compenetrados intelectuais –, estão entreguistas cruéis absolutamente indiferentes ao sofrimento de nosso povo, ocupados em aferir lucros exorbitantes para si e seus patrões. Seu cinismo e empáfia os leva mesmo a digladiar-se pela paternidade do Plano Real e pela implementação bem sucedida do neoliberalismo entre nós. O mesmo neoliberalismo que hoje coloca a extrema-direita no primeiro plano da política em todo o mundo. O mesmo que promoveu o golpe no Brasil e a ascensão ilegítima do fascista Jair Bolsonaro ao poder.

É preciso deixar claro: o Plano Real nada mais foi que a estabilização do neoliberalismo no Brasil: uma política a serviço do Imperialismo, e não da industrialização de nosso país e muito menos da melhoria das condições de vida de nossa população. Uma política de terra arrasada, que aumenta a miséria e a fome por onde passa. Este o plano das grandes corporações para o Brasil e este o objetivo do golpe de Estado neoliberal que avança agora sob o comando de Paulo Guedes e Bolsonaro. Celebrar o plano e seus campeões é apenas uma demonstração do descaramento da Imprensa capitalista. Fora golpistas! Fora Bolsonaro!

 

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