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Rui no 247

Rui: “Não haverá onda progressista vinda da burguesia”

"Na Ucrânia há uma provocação para uma guerra entre Ucrânia e Rússia (...) o que seria desfavorável para os dois países"

No programa Análise Política da TV 247, o presidente do PCO analisou questões internacionais, a CPI da crise da covid, a crise geral do capitalismo, as eleições de 2022 e outros assuntos.

O programa, que foi apresentado por Leonardo Attuch, acontece toda terça-feira às 16h e tem transmissão da COTV. Abaixo você confere um resumo dos principais assuntos do programa desse dia 13 de abril.

Uma notícia recente de que Biden e Putin conversaram, tendo Biden solicitado um encontro presencial com o russo, foi tratada como um ponto fora da curva em meio a uma política clara de enfrentamento que o presidente norte-americano vem assumindo. É preciso ver o motivo dessa “aproximação” dos dois líderes. É possível que seja algo protelatório, visto que a situação interna dos Estados Unidos é delicada. Hoje, por exemplo, a violência contra os negros é motivo de protestos em Mineapolis.

A situação latino-americana engana muita gente, que pensa haver uma nova onda esquerdista. No Equador, com a vitória do candidato direitista, vemos claramente que a política do imperialismo para a região é de endurecer a política neoliberal sem dar chances para governos nacionalistas. O ex-presidente Rafael Correa denunciou ter havido fraude na eleição. No Peru há dois candidatos de direita disputando a presidência, com a imprensa dizendo que Pedro Castillo seria um candidato de esquerda, o que é totalmente falso.

“Na época do combate do regime político ao Sendero Luminoso, que era um movimento guerrilheiro, ele criou uma milícia civil para combater o Sendero Luminoso. (…) Quem é que cria milícia para combater um movimento guerrilheiro? É uma direita paramilitar. Depois, a imprensa diz que a posição dele em relação aos costumes é de direita (…), mas ele seria esquerdista em economia. Precisa ver o que é esse ‘esquerdismo em economia’, chega na hora H não há esquerdismo nenhum. Em alguns casos, você poderia considerar que setores de extrema-direita são esquerdistas em economia porque, em geral, a extrema-direita é toda anti-globalista”, disse sobre o candidato peruano pretensamente esquerdista.

O caso boliviano serviu para confundir um pouco o panorama político. Porém, naquele país houve uma “genuína explosão popular”. O movimento mais importante das massas – à época do movimento nacionalista que elegeu Lula no Brasil no começo do século –, não foi na Venezuela, onde a população reverteu o golpe militar, foi na Bolívia onde o povo derrubou o governo neoliberal e “levou ao poder um movimento que era totalmente marginal na cena política boliviana, que era o Evo Morales”. O partido formado por Evo Morales que juntou os cacos da esquerda formou um partido improvisado e venceu as eleições. É possível que o imperialismo tenha feito um recuo na Bolívia esperando a dominação de outros países da região, através de golpes de estado, antes de se voltarem novamente para naquele país.

“2021 e 2022 são anos eleitorais. Eu acho que está se esboçando um panorama de dominação de uma direita imperialista que se consolida como resultado dos golpes de estado. Acho que vai acontecer inclusive na Argentina isso daí. (…) O que emite um alerta para os setores populares e democráticos no Brasil de que nós não podemos ficar acreditando em conto da carochinha. O panorama não é favorável nesse sentido. Não adianta achar que vai dar para navegar uma onda progressista que venha dos setores da burguesia, porque isso não vai acontecer de jeito nenhum”.

Sobre a questão do capitalismo no mundo, Rui analisou as tensões dos Estados Unidos com China e Rússia. Os chineses usam a acumulação de capital que obtiveram recentemente para tentar ocupar um espaço econômico independente no mundo, o que conseguiram de modo relativo. É exagero dizer que a China estaria substituindo os Estados Unidos, mas dá para dizer que, se houvesse a possibilidade de algum país substituir o líder imperialista, este país poderia ser a China. A China tem uma política defensiva e não radical, diferente da Rússia que é mais agressiva, e os Estados Unidos tem a necessidade de fazer o país oriental recuar na sua política de expansão econômica. Portanto, a exploração total de tudo o que for possível é uma necessidade e questão de sobrevivência do capitalismo. “Eles precisam ocupar o espaço econômico, eles precisam destruir os eventuais concorrentes. Eles precisam se implantar em todos os lugares. Esse quadro não é favorável à qualquer perspectiva democrático. Para fazer isso você precisa atuar com mão de ferro e, do ponto de vista político é preciso ter regimes muito duros”.

A primeira e segunda guerras mundiais foram provocadas pela “diminuição da margem de manobra econômica dos países imperialistas”. A Alemanha, na Primeira Guerra, estava sufocada sem conseguir se expandir, apesar de sua grande capacidade industrial. Esse impedimento contra a Alemanha era provocado por França, Inglaterra e Estados Unidos. Na Segunda Guerra a situação era dramática desde a crise de 1929.

“A China e a Rússia, ao contrário do que todo mundo pensa, não são potências mundiais. Eles não fazem sombra ao imperialismo, que seria a junção dos Estados Unidos, Japão e os países europeus, uma força muito considerável do ponto de vista econômico e militar. Eles só disputam um terreno regional. A China é uma potência regional, ela não tem presença militar no Mediterrâneo nem na América do Sul. Ela tem uma certa presença regional aonde ela está. É um país atrasado, no fim das contas oprimido pelo imperialismo. O problema é que a fraqueza do imperialismo é muito grande e, para sobreviver, o imperialismo não tem recursos econômicos. Do ponto de vista geral, o imperialismo é muito parasitário, são os bancos e, para realizarem toda essa operação de especulação que eles realizam internacionalmente, é preciso ter um grande controle dos mercados. É preciso ter um grande controle dos governos e tudo o mais. Então, o poder político é fundamental numa situação de debilidade econômica”.

Rui comparou a situação de tensão mundial de hoje com o que ocorreu às vésperas da Segunda Guerra, quando a Inglaterra e os Estados Unidos se levantaram contra a tentativa da Alemanha de conquistar o espaço político mundial. “A guerra foi necessária porque o poder político era a chave mestra da questão econômica.” A situação de hoje é semelhante, apesar de o confronto ser perigosíssimo com uma crise mundial extraordinária com levantes em muitos países, incluindo os imperialistas e, portanto, muitas pessoas querem evitar um conflito.

“Na Ucrânia há uma provocação para uma guerra entre Ucrânia e Rússia (…) o que seria desfavorável para os dois países. Nesse momento, ao invés de um conflito armado generalizado, o imperialismo está na política de guerras por procuração, o que irá enfraquecer extraordinariamente tanto China quanto Rússia. Um dos fatores fundamentais que levaram ao colapso da antiga União Soviética foi a guerra do Afeganistão, que foi uma guerra por procuração.”

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