No ano de 1993, aconteceu a crise política final que consolidou a dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
O presidente Bóris Iéltsin e o Soviete Supremo, o parlamento da Rússia, entraram em um choque frontal entre 21 de setembro e 6 de outubro. Nestes dias, o desenvolvimento dos acontecimentos colocou o país à beira da guerra civil.
Ieltsin, apoiado pelo imperialismo mundial, buscava uma rápida restauração do capitalismo com a aplicação de uma política neoliberal de choque sob as bênçãos do FMI e do Banco Mundial, com o que começou a governar por decretos, que não foram reconhecidos pelo Soviete Supremo, representante de outra ala da antiga burocracia soviética. Após a tentativa ilegal de dissolver o Soviete, este último aprova o impeachment de Iéltsin e nomeia o o vice-presidente Alexander Rutskoi como o novo presidente.
As forças armadas, elemento fundamental para determinar quem vai exercer o poder político, estavam sob controle de Bóris Iéltsin. Protestos nas ruas contra Iéltsin são fortemente reprimidos, deixando mortos e feridos. O presidente deposto resolve utilizar-se da força militar para dissolver o Soviete Supremo. Os membros deste último se trancam na Câmara Branca, sede do parlamento, para resistir ao cerco das tropas de Iéltsin. Protestos contra o governo Iéltsin estavam crescendo nas ruas.
Já em outubro, a sede do Soviete é bombardeada por meio de artilharia e tanques de guerra. Os membros do poder legislativo, são presos ou assassinados pelas tropas do Exército e a sede é totalmente destruída.
A dissolução da URSS, o primeiro Estado Operário da história, surgido da insurreição de Outubro e obra de Lênin e do Partido Bolchevique, é uma obra direta da burocracia stalinista. Com o extermínio da vanguarda revolucionária bolchevique pela burocracia stalinista, levada adiante nos anos 30, o país é totalmente dominado por carreiristas que buscam levar adiante uma política de conciliação, de “coexistência pacífica” com o imperialismo mundial. Trótski previu que se não houvesse uma revolução política da classe operária contra a burocracia, que restaurasse o regime soviético, a burocracia se encaminharia para a restauração do capitalismo.
A situação no período imediatamente anterior à crise que leva à dissolução era verdadeiramente catastrófica. A inflação era enorme, motivada pela dependência cada vez maior da economia soviética ao imperialismo. O domínio da burocracia, que desfigurou o Estado Operário, se mostrou terminal para a revolução. A burocracia, uma parasita do Estado Operário, se revelou mortal para seu hospedeiro.
É importante destacar que o bombardeio de Iélstin contra o Soviete Supremo e os deputados que resistiam configura um golpe de Estado ao melhor estilo de Augusto Pinochet. O imperialismo mundial, que busca se proclamar como “democrático”, apoiou e justificou o bombardeio criminoso, para consolidar o domínio da ala mais neoliberal da antiga burocracia. Entretanto, é importante entender que os deputados do Soviete Supremo faziam parte da mesma burocracia que, em conjunto com o imperialismo, dissolveu a URSS para evitar uma revolução política que seria iminente diante do caos político e econômico que tomou conta do Leste Europeu na virada dos anos 80 para os anos 90.