Em meio à ebulição política das revoluções burguesas republicanas em fins do século XVIII, uma agitação constitucionalista republicana toma corpo na Irlanda, submetida politicamente ao Reino Unido, e protagonista de constantes conflitos políticos e religiosos com a metrópole inglesa. Na cidade de Belfast, um grupo de simpatizantes das ideias liberais funda, no início da década de 1790, a sociedade dos Irlandeses Unidos (United Irishmen), inicialmente com a reivindicação, publicizada em novembro de 1793, de uma reforma parlamentar que instituísse distritos eleitorais equilibrados, legislaturas anuais, o pagamento dos representantes e o sufrágio universal.
Após a Revolução Francesa, em 1789, havia nas Ilhas Britânicas uma espécie de paranoia anti-jacobina, agravada pela declaração de guerra em 1793 do governo revolucionário francês contra o Reino Unido. Isso causou pânico em Londres, que organizou uma grande operação contrarrevolucionária. É nesse contexto que é fundada a Yeomanry, uma milícia britânica de oficiais nobres e soldados camponeses, que tinha como finalidade tanto a repressão da constante ameaça de insurreição popular republicana, quanto a defesa nacional contra ataques estrangeiros, nos conturbados anos finais do século XVIII na Europa Ocidental.
Após 1789, numerosos clubes jacobinos são fundados nas Ilhas Britânicas. Em Belfast, Dublin e outras cidades da Irlanda, os jacobinos entram em contato com os Irlandeses Unidos, e rapidamente as reivindicações de reforma parlamentar tornam-se uma agitação revolucionária republicana, em defesa da República da Irlanda. É interessante notar que até os dias de hoje o termo “jacobino” tem um significado pejorativo no Reino Unido, como “radicalismo esquerdista revolucionário”, fato facilmente compreendido pela razão do Reino Unido ser uma monarquia parlamentarista até os tempos atuais.
Em meados da década de 1790, Anthony Perry ingressa nas fileiras da Yeomanry como segundo-tenente. Em 1797, faz o juramento na Sociedade dos Irlandeses Unidos, onde recebe a patente de Coronel, e torna-se responsável pela organização e recrutamento do movimento na cidade de Wexford do Norte. Perry organiza então uma verdadeira fortaleza do movimento na cidade, sem que as autoridades tomassem nota do que ocorria.
Após algum tempo, as atividades do movimento na cidade são detectadas e iniciam-se operações de contra-insurgência. A milícia de North Cork é enviada a Wexford do Norte. Anthony Perry é preso e levado à cidade de Gorey para ser interrogado. Perry é então brutalmente torturado, sendo mutilado com piche incandescente. Perry revela alguns nomes, mas mantém o segredo sobre a maior parte da organização. Satisfeitos com o interrogatório, os milicianos libertam Perry em 26 de maio.
No entanto, os Irlandeses Unidos nesse meio tempo iniciam uma campanha revolucionária, atacando homens da yeoman e vencendo. Em 29 de maio, o movimento conquista a área entre as cidades de Enniscorthy e Gorey. Embora gravemente ferido, Perry dirige-se a Enniscorthy, onde assume o segundo posto de comando. Perry passa a planejar um ataque que ocorre em 4 de junho, tendo como resultado a destruição de metade das tropas britânicas em Wexford.
O movimento engaja-se em uma série de batalhas, oscilando entre a vitória e a derrota, principalmente em decorrência de desacordos táticos entre os comandantes. Nesse meio-tempo, mais de 20.000 tropas são enviadas para esmagar a insurreição. Em 9 de julho, os irlandeses tentam tomar o controle da cidade de Clonard, mas o ataque fracassa totalmente. A maioria dos homens do movimento são mortos, e os remanescentes agrupam-se, formam uma coluna, e tomam a decisão de retomar o controle sobre Wexford.
A coluna é interceptada em 14 de julho, e o movimento é disperso. No dia 21 de julho, Anthony Perry, juntamente com outros companheiros, são detidos pelos homens da yeomanry na cidade de Edenderry, onde são sumariamente enforcados.