Desde a campanha pelo golpe de Estado de 2016, mal disfarçado de um processo de impeachment, a extrema-direita vem se desenvolvendo de forma constante. Os coxinhas estimulados pela direita durante os protestos contra Dilma Rousseff acabariam se tornando a base bolsonarista de hoje. Toda essa movimentação estimulou também a extrema-direita organizada, que hoje forma grupos fascistas sob as bandeiras do nazismo e do integralismo (o fascismo brasileiro). Caso dos integralistas que atacaram a produtora do Porta dos Fundos e assumiram a autoria do atentado. Uma ação espetacular que deve estimular novos ataques e mostra que o fascismo levantou a cabeça.
Um mês antes, 15 militantes integralistas fizeram um discreto ato na Av. São João, em São Paulo, na manhã de um sábado. A manifestação foi noticiada pelo Estado de S. Paulo. Ainda pode aparecer quem diga que são os famosos “meia dúzia de gatos pingados”, como chegaram a dizer quando os coxinhatos começaram. Mas essa tese, a essa altura, já começa a soar como delírio, com a extrema-direita no governo e com grupos fascistas organizando ataques violentos.
Grupos organizados que se reivindicam nazistas proliferaram por todo o país. A antropóloga Adriana Abreu Magalhães Dias, da Unicamp, em entrevista ao jornalista do UOL Matheus Pichonelli, contou ter identificado durante uma pesquisa 334 células nazistas em atividade. Somente no estado de São Paulo seriam 99 células em pleno funcionamento. A “meia dúzia de gatos pingados”, portanto, não é verdade nem literal e numericamente, nem do ponto de vista de abrangência da política de extrema-direita no quadro político atual.
Além desses dados e acontecimentos muito contundentes do último período, deve-se levar em conta que as polícias, incluindo PMs, GCMs, polícias rodoviárias, patrimoniais etc., além de empresas de segurança particulares, todas essas instituições do aparato repressivo estatal, dada a natureza de sua atividade repressiva cotidiana, abrigam elementos prontos para se tornarem tropas fascistas a serviço da extrema-direita.
O perigo, portanto, não deve de maneira alguma ser subestimado. A esquerda deve se preparar para estar apta a se defender, formando comitês de autodefesa nos partidos, sindicatos, associações, movimentos populares etc. E, principalmente, combatendo a política da extrema-direita, apresentando seu programa próprio e independente de saída para a crise política nacional.
Um programa capaz de aglutinar um grande número de trabalhadores, como o programa proposta pelos comitês de luta contra o golpe em seu segundo congresso, realizado nos últimos dias 14 e 15. Com propostas como a jornada de 35 horas semanais sem redução de salários para combater o desemprego, e o Fora Bolsonaro para impedir e reverter as políticas neoliberais que penalizam milhões de trabalhadores. É preciso levar essas reivindicações às ruas no próximo período, por meio de uma campanha persistente. Fora Bolsonaro!