Há exatos 418 anos, erguia-se a corporação Verenigde Oost Indische Compagnie (VOC) – mais conhecida como a Companhia das Índias Orientais. Sua fundação tinha como objetivo o comércio com países da região, do Oceano Índico e do leste asiático.
Pressionados pelo império português e, principalmente o espanhol, os holandeses buscaram evitar passar por Lisboa e Sevilha para adquirir as mercadorias distribuíam pela Europa. Eis que surge a necessidade de uma organização que buscaria diretamente na Ásia as preciosas especiarias. Para tal tarefa, a burguesia – representada pelos negociantes, inspirada nos relatos de viagem de Huygen van Linschotten de Amsterdã, funda em 1594 a Companhia Van Verre ou Companhia dos Países Longínquos.
Já em 1595, em meio à um acordo com o principado local, a primeira expedição de quatro navios deixa Amsterdã, aportando em 22 de junho de 1596 em Banten, oeste de Java. A concorrência, por sua vez, colocava-se como um entrave para o empreendimento. Da necessidade de reagrupar os seus recursos, os mercadores fundem as cinco companhias em uma só, a VOC. À época foram investidos 6,6 milhões de florins, o que correspondia a treze vezes o que seus rivais de Londres, haviam gastado para fundar a Sociedade dos Mercadores de Londres. O empreendimento fora um sucesso; a VOC conquista o monopólio do cravo, da canela e da noz moscada nas duas ilhas do arquipélago das Molucas.
Com sede em Amsterdã, onde, logo em seguida, em 1609, se criaria o Banco de Amsterdã, a VOC era a junção de várias pequenas companhias de comércio surgida nos Países Baixos. É precisamente em 1609 que se abre uma nova etapa – quando após uma série de derrotas (1566–1609), a Espanha foi obrigada a reconhecer a independência da República Holandesa burguesa. À época, a burguesia estava ligada à nobreza moderna contra a realeza, contra a nobreza feudal e contra a Igreja dominante. Abria-se, portanto, a época das revoluções burguesas vitoriosas na Europa.
Diferentemente dos portugueses e espanhóis, a VOC era uma companhia privada, isto é, o governo holandês cedia-lhe direitos e prerrogativas do próprio Estado, durante um determinado prazo. A Companhia, no entanto, gozava do direito de preparar armadas e formar exércitos, além de construir fortalezas, fazer alianças e tratados comerciais com potências asiáticas. Embora inicialmente a VOC tenha se limitado ao transporte de especiarias para a Europa – a pujante burguesia rapidamente reconheceu uma maior lucratividade caso conseguisse dominar as posições, feitorias e fortalezas que os portugueses dispunham no Índico. A Companhia Holandesa viria a ser fundamental para o acúmulo de capital que propiciou o desenvolvimento capitalista.
