No dia 2 de novembro de 1906, nascia Luchino Visconti di Modrone, cineasta e expoente do neorrealismo italiano. Luchino Visconti era filho de uma nobre família milanesa, os Visconti, que governaram a região de Milão entre o final da Idade Média e parte do Renascimento, um período de quase 200 anos. Não bastasse a origem nobre da família de seu pai, Luchino Visconti tinha como mãe Carla Erba, herdeira de uma grande indústria farmacêutica.
Após viver sua juventude como suboficial da cavalaria, e cuidar dos cavalos de sua propriedade em Piemonte, Visconti foi para a França, onde conheceu a estilista Coco Chanel, de quem ficou amigo e manteve uma relação amorosa por um certo período. Foi ela que, em 1936, apresentou Visconti a Jean Renoir, filho do pintor Pierre-Auguste Renoir e importante cineasta do realismo poético francês, uma das maiores inspirações para a Nouvelle Vague. Com Renoir, trabalhou no filme Une Partie de Campagne, e mais tarde na ópera Tosca. Na década seguinte, Visconti produziu seu próprio filme, Ossessione, e para realizá-lo teve que vender as jóias da família no intuito de arrecadar fundos.
Com o fim da segunda guerra, Visconti foi contratado pelo Partido Comunista Italiano para realizar uma trilogia de filmes, cada um trataria sobre um tema: os pescadores, os mineiros e os camponeses italianos, no entanto, somente La Terra Trema, filme sobre a vida de um pescador, foi realizado.
Foi nesse período pós-guerra que surge o neorrealismo italiano. Um movimento cinematográfico que, como a Nouvelle Vague na França, usou ao seu favor os pouco recursos deixados pela guerra, retratando as cidades e a sociedade deixada em frangalhos.
As expressões quase que genuínas, pois muitas vezes os atores deviam improvisar inteiramente as falas, ou os personagens nem ao menos eram interpretados por atores de profissão; a luz crua; o som captado diretamente e nenhuma, ou quase nenhuma, pós produção, são características técnicas do neorrealismo italiano.
Um traço interessante de sua carreira foi sua ligação com a literatura. Visconti fez diversas adaptações de romances consagrados para o cinema: As Noites Brancas (Dostoiévski), O estrangeiro (Albert Camus), Morte em Veneza (Thomas Mann) e L’innocente (Gabriele D’annunzio).
Dentre sua extensa filmografia, obteve vários prêmios, o primeiro sendo o Leão de Prata do Festival de Veneza pelo filme Le Notti Bianche (1957). Por duas vezes ganhou o Prêmio Bodil de Melhor Filme Europeu, a primeira vez por Rocco e i suoi fratelli (1960), filme também premiado com o Prêmio Especial no Festival de Veneza e o Prêmio FIPRESCI do mesmo festival, e a segunda vez por Morte a Venezia (1971), que também lhe garantiu o prêmio do 25º Aniversário no Festival de Cannes. Ganhou também o Leão de Ouro no Festival de Veneza, por Vaghe stelle dell’Orsa... (1965).
Visconti morreu em 1976, com 70 anos, em Roma, ao lado de seu companheiro, Helmut Berger, jovem ator austríaco revelado pelo cineasta italiano em Os Deuses Malditos de 1969.