Há exatos 27 anos acontecia uma das maiores chacinas da história do Brasil. Em um evento noticiado por todo o mundo, cerca de 76 policiais invadiram a Casa de Detenção de São Paulo e assassinaram 111 presidiários que não ofereciam resistência nem perigo a nenhum dos policiais. A operação foi autorizada na época pelo secretário de Segurança Pública de São Paulo na época, Pedro Franco de Campos, que diz não ter consultado o governador Luiz Antônio Fleury Filho. No entanto, o próprio Fleury alegou que, caso chegasse à sua mesa o pedido da operação, teria aceitado.
Após a renúncia de Pedro Franco de Campos, o golpista Michel Temer assumiu a secretaria de Segurança Publica e anunciou, como medida de reação ao massacre, que os policiais tivessem repouso e meditação. Ou seja, mataram 111 pessoas e ganharam folga por isso.
O motivo para a Tropa de Choque ter entrado no presídio foi uma rebelião que se iniciou após uma briga entre os presos no Pavilhão 9. A tropa, comandada pelo coronel Ubiratan Guimarães, foi incumbida de entrar no local e acalmar a situação, no entanto, a Tropa de Choque entrou na prisão armada e fuzilou 111 pessoas.
O evento traumático rende até hoje momentos de indignação por parte do povo brasileiro. Enquanto a direita tenta justificar a morte de 111 pessoas com as mais absurdas justificativas, a população pobre, que até hoje sofre nas mãos da polícia militar, sabe que as mortes se deram como parte de uma política de repressão contra a população pobre e negra no Brasil.
A cultura popular brasileira tratou de lembrar para sempre o que ocorreu no dia 2 de outubro de 1992. Em músicas dos mais variados gêneros musicais, como o rap dos Racionais, Sabotage, Facção Central, Pavilhão 9, ao thrash metal do Sepultura e o tropicalismo de Caetano Veloso e Gilberto Gil. O dia também inspirou o livro Estação Carandiru (1999), do médico Dráuzio Varella, que fazia trabalho voluntário no presídio, que inspirou o premiadíssimo filme do diretor argentino e brasileiro Hector Babenco, Carandiru (2003).
O caso do Carandiru é muito emblemático, pois mesmo antes de ocorrer o massacre, o presídio já era referenciado na cultura popular brasileira. Uma das principais torcidas organizadas do Corinthians, a Pavilhão 9, fundada em 1990, leva justamente o nome do pavilhão em que se iniciaria a briga que resultaria no massacre por parte da polícia. O nome da torcida se dá como homenagem ao time de futebol Casa de Detenção do Carandiru.
Há teorias que afiram também que o inicio das atividades do Primeiro Comando da Capital, o PCC, ocorreu justamente como uma maneira de se lutar contra a opressão vivida pelos presidiários no sistema carcerário paulista, após o massacre ter ocorrido.
A polícia até hoje persegue a população pobre no Brasil. Tanto no estado de São Paulo, quanto em todos os outros (veja o exemplo da polícia do Rio de Janeiro agora, com o Witzel) a polícia é uma arma das classes dominantes para oprimir a população da classe trabalhadora. Somente com a extinção da polícia e com o direito da população realizar sua própria defesa é que poderemos falar realmente em segurança para as classes pobres.