Mais de uma centena de militantes e ativistas, oriundos das cinco regiões do Brasil e de um país da Europa (Alemanha). Foram esses os números do vitorioso ato de primeiro de maio organizado pelo Partido da Causa Operária (PCO) em 2020, ano em que as direções da esquerda nacional perderam completamente o rumo e decidiram confraternizar com inescrupulosos inimigos da classe operária, como Fernando Henrique Cardoso, responsável por jogar mais de 60 milhões de pessoas na mais extrema pobreza.
Situação excepcional, medidas excepcionais
Em vários momentos decisivos da luta contra o golpe, o PCO procurou organizar caravanas para garantir que companheiros de todo o país estivessem presentes em manifestações de caráter nacional. Foi assim, por exemplo, nos dois atos contra a prisão de Lula, em Curitiba, realizados em 2016, bem como os dois últimos atos pela liberdade do ex-presidente, que também ocorreram na capital paranaense, no segundo semestre de 2019. No entanto, diante da pandemia de coronavírus, as caravanas tiveram de ser adaptadas.
Em vez de grandes manifestações em locais públicos, o ato de primeiro de maio do PCO aconteceu em um local fechado em São Paulo. Em vez de ônibus lotados, os companheiros se deslocaram de norte a sul do país por meio de carros particulares, todos eles de janela aberta e com a lotação máxima de quatro pessoas, incluindo o motorista. No ato, todos receberam água para manter a hidratação, lanches leves e, como não poderia deixar de ser, estavam munidos de álcool em gel e máscaras.
Proletários de todo o mundo, uni-vos!
Longe de impactar apenas as relações sociais, a pandemia está, acima de tudo, causando uma enorme devastação — que tem, na classe operária, o seu maior alvo. Somente no Brasil, mais de 7 mil pessoas foram mortas pela doença — segundo números oficiais, o que coloca claramente a necessidade de as organizações de luta dos trabalhadores agirem imediatamente em defesa deles.
Segundo o que foi dito pelo companheiro Antonio Carlos Silva, da direção nacional do PCO:
Mais do que nunca a classe operária precisa seguir o chamado feito pelos fundadores do movimento internacional socialista, que conclamavam a necessidade de união do proletariado: proletários de todo o mundo, uni-vos!
Signatários de um genocídio
A situação gravíssima do coronavírus vem sendo respondida com uma completa falta de iniciativa por parte da esquerda pequeno-burguesa. Ou melhor, por meio de uma política vergonhosa e covarde, de total entrega à iniciativa da burguesia. Na medida em que as direções vão se omitindo de um dos momentos mais dramáticos da classe operária mundial, vão também assinando a sentença de morte dos trabalhadores. Foi isso o que disse o companheiro Juliano Lopes, membro do Coletivo de Negros João Cândido:
Os mortos que nós temos hoje têm a assinatura de toda a esquerda pequeno-burguesa, que está em casa e virou as costas para deixar milhares de pessoas para morrerem da forma que for preciso.
Se eu posso trabalhar, eu também posso me manifestar
Logo no início de sua fala, o companheiro Rui Costa Pimenta, presidente nacional do PCO, fez menção ao grito dos trabalhadores chilenos: se eu posso trabalhar, eu também posso me manifestar. Não há, afinal de contas, por parte da burguesia, nenhum interesse real em conter a pandemia, mas sim em tornar os regimes em todo o mundo ainda mais antidemocráticos do que de fato são.
São milhões de trabalhadores que estão sendo forçados a trabalhar, sob seriíssimos riscos de contágio. Conforme disse o próprio Rui Pimenta, ao denunciar os capitalistas:
Eles não estão se organizando, eles não têm vontade política alguma de atender o povo. Eles fizeram um cálculo de quantas pessoas vão morrer e eles vão deixar essas pessoas morrerem.
Senhores, patrões, chefes supremos: nada esperamos de nenhum!
Ao final de todas as falas, os presentes no ato cantaram o hino A Internacional, composta originalmente por Eugène Pottier em francês no ano de 1871. Símbolo da luta internacionalista dos trabalhadores, o hino segue vivo como uma afirmação do movimento operário em torno de sua necessária independência política em relação à burguesia parasitária.
A Internacional
De pé, ó vitimas da fome
De pé, famélicos da terra
Da ideia a chama já consome
A crosta bruta que a soterra
Cortai o mal bem pelo fundo
De pé, de pé, não mais senhores
Se nada somos em tal mundo
Sejamos tudo, ó produtores
Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional
Senhores, Patrões, chefes supremos
Nada esperamos de nenhum
Sejamos nós que conquistemos
A terra mãe livre e comum
Para não ter protestos vãos
Para sair desse antro estreito
Façamos nós por nossas mãos
Tudo o que a nós nos diz respeito
Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional
O crime do rico a lei cobre
O Estado esmaga o oprimido
Não há direitos para o pobre
Ao rico tudo é permitido
À opressão não mais sujeitos
Somos iguais todos os seres
Não mais deveres sem direitos
Não mais direitos sem deveres
Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional
Abomináveis na grandeza
Os reis da mina e da fornalha
Edificaram a riqueza
Sobre o suor de quem trabalha
Todo o produto de quem sua
A corja rica o recolheu
Querendo que ela o restitua
O povo só quer o que é seu
Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional
Nós fomos de fumo embriagados
Paz entre nós, guerra aos senhores
Façamos greve de soldados
Somos irmãos, trabalhadores
Se a raça vil, cheia de galas
Nos quer à força canibais
Logo verás que as nossas balas
São para os nossos generais
Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional
Pois somos do povo os ativos
Trabalhador forte e fecundo
Pertence a Terra aos produtivos
Ó parasitas deixai o mundo
Ó parasitas que te nutres
Do nosso sangue a gotejar
Se nos faltarem os abutres
Não deixa o sol de fulgurar
Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional