Há 24 anos, em 19 de fevereiro de 1896, nascia na cidade de Tinchebray na França, André Breton. Poeta, escritor e fundador e teórico do movimento surrealista, Breton foi um dos elementos mais ativos entre os militantes das vanguardas modernistas do início do século XX.
Breton inicia sua atividade intelectual no movimento Dada. Em 1919, juntamente com o poeta Louis Aragon e o escritor Philippe Soupault, funda a revista Littérature, cujo primeiro número sai em fevereiro. No mesmo ano, conhece o suíço Tristan Tzara, fundador do movimento Dada.
Ainda em 1919, escreve com Philippe Soupault Les Champs magnétiques. Nesse texto, os dois colocam em prática o método da escrita automática, que seria um dos principais elementos do movimento surrealista, tanto que o texto é considerado precursor do movimento.
Em 1920, Breton e seu grupo são responsáveis, com a chegada de Tristan Tzara, pela intordução do movimento Dada em Paris. É durante esse ano que acontecem as principais manifestações do movimento que causaram horror e escândalo na sociedade parisiense. O objetivo dos dadaístas era justamente esse, procuravam, na realidade, uma anti-arte ou a “morte da arte”.
No final de 1920, no entanto, Breton começa a se distanciar do Dada até romper totalmente com o movimento e publicar o primeiro Manifesto Surrealista em 1924.
O Manifesto seria inicialmente um prefácio para a coletânea de textos automáticos Peixe solúvel, mas acabou sendo publicado em volume separado. Ali estão os principais fundamentos do surrealismo: o fluxo de consciência, a escrita automática, a rejeição à preocupações estéticas e morais.
O advento da psicanálise e o contato de Breton e dos demais surrealistas com os princípios dessa nova ciência descoberta por Freud foram fator fundamental para a elaboração das ideias surrealistas.
Nesse sentido, as ideias do movimento se baseavam em princípios científicos que, até determinado ponto, podem ser generalizados para a arte em geral. A arte como expressão do inconsciente, do subjetivo.
Em dezembro de 1924 é lançado o primeiro número da revista A Revolução Surrealista, órgão dirigido pelo poeta Benjamin Péret e e o escritor Pierre Naville. A radicalização artística coincide com a radicalização política do poeta e dos principais nomes do movimento, como o próprio Benjamin Péret.
E nesse mesmo período que Breton tem contato com o marxismo e com os intelectuais comunistas. Particularmente a obra de Leon Trótski, Lênin, o impressiona muito, chegando a escrever um ensaio sobre o o texto. Com os colaboradores das revistas socialistas Clarté e Philosophie, Breton e os principais surrealistas formam um comitê e redigem um panfleto chamado “A Revolução no começo e sempre”.
Em 1927, então, Breton ingressa no Partido Comunista, do qual será expulso em 1933 devido a sua adesão ao trotskismo.
A militância intelectual de Breton se confunde cada vez mais com sua militância política. Em 1938, em visita ao revolucionário russo exilado no México na caso do muralista Diego Rivera, após debates entre os três é escrito o Manifesto por uma Arte Revolucionária e Independente conhecido também como Manifesto da FIARI.
O manifesto é um programa do partido revolucionário para a arte e a cultura em contraposição a arte do capitalismo imperialismo dito “democrático” e do nazi-fascismo, além de uma polêmica com as concepções burocráticas do stalinismo sobre a arte.
O manifesto é feito a quatro mãos, Redigido por Breton e posteriormente corrigido por Leon Trótski, embora na época, por iniciativa do próprio revolucionário russo, tenha sido publicado com a assinatura de Breton e Rivera. A FIARI (Federação Internacional dos Artistas Revolucionários e Independentes) agrupa os artistas que se recusam a aderir aos ditames do realismo soviético.
Nos fundamentos do manifesto estão as concepções marxistas sobre a arte e algumas das ideias desenvolvidas por Breton no próprio Manifesto Surrealista. Nesse sentido, se encontram ali formulações definitivas sobre a arte política e a arte universal. Seu lema, “A independência da arte – para a revolução; a revolução – para a libertação definitiva da arte”, resume o pensamento dos revolucionários marxistas sobre os artistas e a arte em geral.