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A QUE ESTÁ SEMPRE ALEGRE

1867: Morria Charles Baudelaire, precursor da poesia moderna

Os juízes julgaram descobrir um sentido a um tempo sanguinário e obsceno nas duas últimas estrofes. A gravidade da coletânea excluía semelhantes gracejos

No dia de hoje na história morria o poeta Charles Baudelaire, aos 46 anos, vítima da Sífilis, doença mortal naquela época.

Foi o poeta que inaugurou o estilo modernista, mas não só isso, com seus poemas tratando de temas ofensivos a classe burguesa da época, tais como sexo,  vícios, lesbianismo, amor profano e sagrado, ateísmo, degradação e exaltação à bebida.

Digamos que ele pisou no calo da classe que havia tomado o lugar da nobreza, mas tal como essa, usava de sua situação social e econômica para fazer tudo aquilo que a grande maioria da população era proibida de fazer.

Ou seja, traduzindo para o português popular, “mudaram os mosquitos mas a merda continua a mesma”, pelo menos no que diz respeito à hipocrisia de ambas as classes.

Sua obra mais conhecida, “As Flores do Mal”, teve seis poemas suprimidos; 11 anos depois outra edição foi lançada com os 6 poemas originais.

No poema que transcrevemos abaixo, um dos 6 censurados, Baudelaire comentou:

“Os juízes julgaram descobrir um sentido a um tempo sanguinário e obsceno nas duas últimas estrofes. A gravidade da coletânea excluía semelhantes gracejos. Mas veneno equivalendo a spleen ou a melancolia era uma idéia muito simples para criminalistas. Que sua interpretação sifilítica lhes fique na consciência!”

 

A QUE ESTÁ SEMPRE ALEGRE

Teu ar, teu gesto, tua fronte
São belos qual bela paisagem;
O riso brinca em tua imagem
Qual vento fresco no horizonte.

A mágoa que te roça os passos
Sucumbe à tua mocidade,
À tua flama, à claridade
Dos teus ombros e dos teus braços.

As fulgurantes, vivas cores
De tuas vestes indiscretas
Lançam no espírito dos poetas
A imagem de um balé de flores.

Tais vestes loucas são o emblema
De teu espírito travesso;
Ó louca por quem enlouqueço,
Te odeio e te amo, eis meu dilema!

Certa vez, num belo jardim,
Ao arrastar minha atonia,
Senti, como cruel ironia,
O sol erguer-se contra mim;

E humilhado pela beleza
Da primavera ébria de cor,
Ali castiguei numa flor
A insolência da Natureza.

Assim eu quisera uma noite,
Quando a hora da volúpia soa,
Às frondes de tua pessoa
Subir, tendo à mão um açoite,

Punir-te a carne embevecida,
Magoar o teu peito perdoado
E abrir em teu flanco assustado
Uma larga e funda ferida,

E, como êxtase supremo,
Por entre esses lábios frementes,
Mais deslumbrantes, mais ridentes,
Infundir-te, irmã, meu veneno!

 

 

À CELLE QUI EST TROP GAIE

Ta tête, ton geste, ton air
Sont beaux comme un beau paysage;
Le rire joue en ton visage
Comme un vent frais dans un ciel clair.

Le passant chagrin que tu frôles
Est ébloui par la santé
Qui jaillit comme une clarté
De tes bras et de tes épaules.

Les retentissantes couleurs
Dont tu parsèmes tes toilettes
Jettent dans l’esprit des poètes
L’image d’un ballet de fleurs.

Ces robes folles sont l’emblème
De ton esprit bariolé;
Folle dont je suis affolé,
Je te hais autant que je t’aime!

Quelquefois dans un beau jardin
Où je traînais mon atonie,
J’ai senti, comme une ironie,
Le soleil déchirer mon sein,

Et le printemps et la verdure
Ont tant humilié mon coeur,
Que j’ai puni sur une fleur
L’insolence de la Nature.

Ainsi je voudrais, une nuit,
Quand l’heure des voluptés sonne,
Vers les trésors de ta personne,
Comme un lâche, ramper sans bruit,

Pour châtier ta chair joyeuse,
Pour meurtrir ton sein pardonné,
Et faire à ton flanc étonné
Une blessure large et creuse,

Et, vertigineuse douceur!
À travers ces lèvres nouvelles,
Plus éclatantes et plus belles,
T’infuser mon venin, ma soeur!

 

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