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18 de abril de 1954: Gamal Abdel Nasser chega à presidência do Egito

Gamal Abdel Nasser Hussein (جمال عبد الناصر حسين‎, Jamāl ʻAbdu n-Nāṣir Ḥusayn) nascido em 15 de janeiro de 1918 e falecido em 28 de setembro de 1970, foi o segundo e o mais importante presidente do Egito.

Filho de um carteiro, nascido em Bakos, no Egito, seguiu a carreira militar e combateu na guerra contra o recém-criado Estado de Israel, em 1948. Após tornar-se coronel, organizou o Movimento dos Oficiais Livres, que, em julho de 1952, derrubou o rei Farouk e, assim, encerrou o regime monárquico no país.  Segundo consta, não havia intenção deliberada do Movimento dos Oficiais Livres em instalar-se no poder, mas sim restabelecer uma democracia parlamentar. A revolução de julho (de 1952), porém, declarada um sucesso após os  Oficiais Livres tomaram o controle de todos os prédios do governo, estações de rádio e delegacias de polícia, bem como da sede do exército no Cairo, levou à necessidade de se decidir sobre o governo do país. Assim, passaram a governar como Conselho de Comando Revolucionário (RCC), com Muhammad Naguib como presidente e Gamal Abdel Nasser como vice-presidente.

Em junho de 1953, a monarquia é definitivamente abolida e nasce a Republica do Egito. Nesse momento, são confirmados presidente e vice-presidente do país Muhammad Naguib e Gamal Abdel Nasser.

Em abril de 1954, Nasser chega à presidência e, sob sua liderança, o Egito nacionaliza o canal de Suez e assume um papel central nos esforços anti-imperialistas no mundo árabe e na África.

O feito mesmo de nacionalizar o canal de Suez, pondo fim a uma crise que se arrastava, e tinha do outro lado a Inglaterra, o transforma em referencia para todo o mundo árabe.
Ele foi igualmente fundamental para estabelecer o movimento internacional não-alinhado. As políticas nacionalistas e sua versão do pan-arabismo o colocam como uma das figuras políticas mais importantes na história árabe moderna e na política no século 20 como um todo.

A importância da revolução de 1952 e de Nasser em particular só pode ser bem compreendida quando se considera que o Egito tinha sido subjugado desde o Século XVI, primeiro pelo império Otomano, passando pelas mãos dos franceses e ingleses, que estão também entre os responsáveis pela criação do Estado de Israel – principal elemento de desestabilização no Oriente Médio, impactando os países Árabes como um todo e o Egito de forma bastante especial.

O país sai de um regime monárquico e a constituição de 1956 parece enviesada por ele, pois subordina a Assembleia Nacional ao presidente, no caso Nasser. Ela também estabeleceu um partido único, a União Nacional (posteriormente chamada de União Socialista Árabe). A Carta de 1961 cria um Congresso Nacional das Forças Populares corporativista, mas seus membros não serão escolhidos pelo livre debate e, ao mesmo tempo, as organizações populares eram controladas pelo governo.

Por outro lado, a despeito do corporativismo e do controle das organizações populares, a revolução nasserista vai permitir e incentivar a ocupação de vários cargos por parte dos movimentos de massas, e a União Socialista Árabe propôs a destinação de metade das vagas nas organizações políticas e na Câmara dos Deputados a operários e camponeses. Uma série de reformas também melhorou as condições de vida e de trabalho das classes populares e permitiu certa participação na administração das empresas.

O regime nacionalista do Egito não pode ser comparado ao fascismo da Itália de Mussolini ou ou nazismo da Alemanha de Hitler, pois não eliminou as organizações da classe trabalhadora, em suprimiu os movimentos de massa, muito embora em grande medida tutelados. Havia mais uma conciliação com o movimento operário (forte desde a Revolução), ao mesmo tempo que buscava impedir sua independência. Ou seja, diferente de um regime fascista não combate o movimento operário.

O pan-arabismo de Gamal Abdel Nasser não implicava a submissão de outros povos pelo Egito, o que o distancia ainda mais do fascismo e seu expansionismo.

Por outro lado, a política de Nasser, como a dos regimes nazifascistas, procurou neutralizar as contradições da luta de classes:

“As inevitáveis e naturais lutas de classe não podem ser ignoradas ou negadas, mas as suas soluções devem ser alcançadas pacificamente, dentro do molde da união nacional, a através da dissolução de distinção entre classes.”

Os regimes fascistas alemão e italiano eram controlados pela burguesia imperialista de seus países e visavam explorar seus povos e outros povos, de forma a garantir o usufruto das riquezas nacionais pelos capitalistas e não pelo povo.

Como já dissemos em outras oportunidades, o nacionalismo não é a mesma coisa em um país atrasado e em um país desenvolvido. Em um país desenvolvido, o nacionalismo é a defesa do imperialismo desse país, enquanto que, em um país atrasado, trata-se da luta contra o imperialismo – mesmo que, invariavelmente faça-se algum tipo de conciliação com o imperialismo, pois representa, de toda forma, os interesses da frágil burguesia nacional de dado país. “Quando o regime nacionalista, devido aos interesses da burguesia, se aproxima do imperialismo, ele se desloca à direita; quando, por outro lado, os interesses da burguesia são os mesmos que os interesses nacionais e o regime entra em choque com o imperialismo, ele é deslocado para a esquerda do espectro político.”

Hoje, o Egito deve olhar para o período de Nasser no governo e ver sementes de um país independente, altivo, consciente da dominação estrangeira e disposto a lutar para por fim a ela. É por isso que lembramos de Gamal Abdel Nasser e do país que, com sua liderança, ergueu-se contra os interesses imperialistas.

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