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14 de junho de 1982 – cessam as hostilidades entre Argentina e Inglaterra na Guerra das Malvinas

Há 37 anos, Inglaterra e Argentina acordaram o cessar-fogo que pôs fim ao conflito entre as duas nações pelo controle das Ilhas Malvinas, na plataforma continental da Patagônia – território Argentino – no Oceano Atlântico. Mais de 900 pessoas – 750 argentinos e 273 britânicos – perderam a vida nos quase dois meses e meio de combate, desde que a Argentina investira na tomada do território dos ingleses na chamada Operação Rosário.

São duas ilhas – cada uma pouco maior que nosso Distrito Federal – a menos de 500 quilômetros da costa Argentina cuja importância principal se deve à sua localização estratégica não apenas como apoio a embarcações que cruzam o Cabo Horn – extremo sul do continente americano – como também como base e entreposto para expedições de colonização na Antártida. Constantes em cartas européias desde 1502, as Malvinas foram descobertas pelo português Fernão de Magalhães em 1520, na primeira viagem de circunavegação do globo. Somente em 1690, o inglês John Strong passaria por entre elas, no Canal de San Carlos. Sua colonização começou com a expedição do francês Louis Antoine de Bougainville em 1764, tendo passado dois anos depois ao domínio da Espanha e em seguida ao Reino Unido em 1771 – que as batizara de Ilhas Falklands. Após a independência argentina, a nova nação passou a reivindicar a posse das ilhas em sucessivas disputas ao longo da primeira metade do século 19. As ilhas foram o palco de uma batalha naval entre ingleses e alemães em 1914, na Primeira Grande Guerra, tendo servido de apoio à marinha da Grã Bretanha também em 1939, após outra batalha com a Alemanha no Rio da Prata, durante a Segunda Guerra.

Na segunda metade do século 20, a questão da posse das Malvinas ressurgiu com a ascensão do regime nacionalista burguês de Juan Perón. A partir de 1966, argentinos retomaram negociações com ingleses nesse sentido – chegando a construir uma base aérea nas ilhas – mas as negociações encerraram-se sem sucesso em 1981. Em meio à crise do capitalismo, a burguesia endurecia seus regimes tanto na Inglaterra comandada pela ultraconservadora Margaret Thatcher quanto na Argentina sob o jugo da ditadura militar, então chefiada pelo general Leopoldo Fortunato Galtieri. Os movimentos de luta do operariado desestabilizavam ambos os governos – extremamente impopulares.

Em busca de restabelecer sua popularidade em torno a uma questão de soberania territorial, o regime argentino julgou que a Grã Bretanha não se envolveria numa guerra em mares tão distantes – ainda mais por terras que já estivera em vias de ceder. De fato, numa guerra contra uma potência central do imperialismo, mesmo os setores mais radicais da oposição ao regime – então representados pelo Partido Obrero – apoiaram a ocupação das ilhas, embora defendesse a adoção de um programa revolucionário pelos trabalhadores a serem ali instalados. A crise de popularidade do regime thatcherista porém a levou a bancar a aposta, enviando uma força expedicionária que chegaria ao local no final de maio, retomando as Malvinas e submetendo os argentinos ao acordo de cessar fogo em 14 de junho.

A ditadura argentina, assim como a brasileira, sucumbiria nos anos seguintes com o aprofundamento de sua impopularidade agravado pela derrota militar. Já Thatcher seria reeleita em 1983, permanecendo no poder até 1990. É curioso no conflito verificar o apoio do governo civil peruano aos argentinos, frente ao apoio da ditadura chilena de Pinochet aos ingleses – enquanto o Brasil do general Figueiredo limitou-se a prestar apoio logístico secreto ao país vizinho, permanecendo oficialmente neutro no conflito.

Com cerca de 2 mil habitantes descendentes de escoceses e galeses, hoje as ilhas têm no turismo, incrementado após a guerra, parte significativa de sua receita. Recorrentemente, o governo inglês busca reforçar seu direito às Malvinas, por meio de plebiscitos obviamente favoráveis junto à escassa mas anglófona população local. Trata-se evidentemente de uma farsa. O direito ao território pertence à Argentina, e a ocupação estrangeira persiste como um desafio aos povos latino-americanos de conjunto, que certamente hão de recuperá-las tão logo derrotem as sucessivas correntes golpistas promovidas pelo Imperialismo.

 

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