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13 de agosto de 1961 – inicia-se a construção do Muro de Berlim

Na madrugada de domingo, 13 de agosto de 1961, soldados da República Democrática Alemã e da União Soviética iniciavam a construção de um muro de concreto que isolaria Berlim Ocidental, encravada em meio ao território oriental. O Muro de Berlim, como ficaria conhecido o isolamento da antiga capital da Prússia, era sintoma de crise da política colonial da burocracia stalinista implementada sobre os territórios anexados durante a Segunda Guerra. Para a propaganda capitalista, o Muro de Berlim se tornaria o símbolo maior do isolamento do regime Soviético, e seu colapso em 1989, um sinal da falência definitiva do comunismo. O Muro, porém, sinalizava justamente que o regime então governado por Nikita Kruschev já passava longe das ideias de Lenin.

Como se sabe, em 1945, os territórios da Alemanha e da Áustria foram divididos no Acordo de Potsdam entre os países vencedores da Segunda Guerra Mundial: Inglaterra, França, Estados Unidos e União Soviética. Berlim, antiga capital Alemã, seria a sede do Conselho de Controle Aliado, também fatiada em quatro partes, apesar de situar-se no meio do território soviético. A intenção de Stálin era de enfraquecer a posição dos ingleses na zona ocupada, e aos poucos a cidade seria toda território da Alemanha Oriental.

Tal estratégia ganharia corpo no Bloqueio de Berlim, promovido por Stálin entre 24 de junho de 1948 e 12 de maio de 1949, cortando as linhas terrestres de abastecimento de Berlim Ocidental por quase um ano. A capital fora devastada pela guerra em todos os sentidos. Sua população fora reduzida de 4,6 milhões de habitantes para 2,8 milhões. Evidentemente, a cidade dependia de insumos externos para manter-se. Com o bloqueio, os americanos passaram a abastecer o lado ocidental por via aérea, mantendo a ocupação. No mesmo mês, as áreas ocupadas pela França, Inglaterra e Estados Unidos, declarariam a formação da Bundesrepublik Deutschland [República Federal da Alemanha, RFA], com sede em Bonn.

Em 7 de outubro de 1949, seria declarada a Deutsche Demokratische Republik [República Democrática da Alemanha, RDA], com sede em Berlim. O governo de Stálin, porém não concederia autonomia aos alemães, instalando uma política de tipo colonial no território ocupado, com plena autoridade administrativa e militar soviética.

O acordo de divisão territorial de 1945 com o Imperialismo poderia ainda ser creditado a uma necessidade imediata de capitulação devido ao esforço de guerra. Não há qualquer justificativa, porém, para a dominação imposta por Stálin ao povo Alemão: uma política de tipo reacionário, em franco acordo com o que os próprios países imperialistas faziam no restante do território. Era uma afronta direta ao princípio de autodeterminação dos povos complementar ao internacionalismo comunista.

A situação alemã se agravaria ainda mais em 1953, logo após a morte de Stálin, quando em 16 de junho uma greve dos trabalhadores da construção civil de Berlim ganhou caráter de insurreição popular, resultando numa brutal repressão do regime central, comandado por Walter Ulbricht. Naquele momento, se aprofundaria um já significativo êxodo de habitantes da RDA rumo à RFA. Sobretudo a antiga pequena-burguesia, que perdera muitos de seus privilégios e não via um horizonte de expansão revolucionária na própria Alemanha, estava disposta a emigrar, gerando uma verdadeira evasão tecnológica.

O governo de Ulbricht passaria a pedir então pelo fechamento das fronteiras. Numa cúpula de chefes de Estado em Viena, o presidente norte-americano John Kennedy admitiria a construção de um muro. Fora a senha para a ação da Alemanha Oriental, conduzida por militares soviéticos e alemães, dando início à construção do Muro de Berlim em 13 de agosto de 1961.

A barreira seria composta 156 quilômetros de cercas de arames farpados em volta da cidade, acrescida de 43 quilômetros separando as duas áreas urbanas. A parte de concreto teria sua construção iniciada em 17 de agosto. Um ano depois, uma nova fileira seria iniciada, distando 100 metros da original, com a demolição de todas as construções entre ambas. Quando concluído, o muro teria nada menos que 112 quilômetros de 3,6 metros de altura, complementado por 105,5 quilômetros de trincheiras. Seriam construídas ainda 186 torres de observação e 20 bunkers. Se o Muro de Berlim pretendia isolar Berlim Ocidental, acabou por simbolizar o fechamento do regime soviético. Um fato amplamente explorado pela propaganda anticomunista até os dias de hoje.

As passagens, entre as áreas eram feitas em pontos de vistoria – checkpoints. O mais famoso, por onde os ocidentais entravam na RDA, era o Checkpoint Charlie [Ponto de Vistoria C] na Friedrichstrasse – área central de Berlim. O Checkpoint Bravo se situava no subúrbio de Dreilinden, enquanto o Checkpoint Alpha estava numa estrada entre Helmstedt e Marienborn. As fronteiras não permaneceram completamente fechadas. Tanto ocidentais quanto orientais podiam pedir vistos de passagem para visitar familiares, ou mesmo para fazer compras no lado oposto. Evidentemente, porém, numa área tão próxima da influência publicitária imperialista, a brutalidade dos exércitos e dos policiais responsáveis pelo controle (algo comum nessas corporações), levou à morte de cerca de 200 pessoas nos 28 anos em que o muro existiu.

Quando do colapso da Unidão Soviética e da reunificação da Alemanha, a demolição do Muro de Berlim, iniciada em 9 de novembro de 1989, se tornaria o sinônimo de um suposto “fim do comunismo” no mundo. Como se viu, porém, nem o regime que gerou o muro era comunista, nem a política colonialista pode ser creditada à doutrina comunista. A queda do Muro de Berlim, ao contrário do que reza a propaganda capitalista, nada tem a ver com um suposto “fim do comunismo”. O colapso do capitalismo é tão certo quanto a capacidade de evolução da humanidade em sua relação com o mundo por meio do avanço das forças produtivas.

 

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