A Revolução Iraniana, também chamada de Revolução Islâmica (Persian Enqelāb-e Eslāmī), foi uma sublevação popular ocorrida entre 1978 e 1979 que resultou na queda da monarquia, em 1 de abril de 1979, e no estabelecimento de uma república islâmica no país.
O país era governado pelo Xá Mohammad Reza Pahlevi, um monarca autocrático, que se tornou impopular por, entre outras coisas, ter cedido à pressão do Reino Unido e dos Estados Unidos, promovendo o que se chamou de revolução branca, na qual a cultura ocidental foi se incorporando ao regime ao mesmo tempo que a violência política.
Os Estados Unidos da América, por meio da Agência Central de Inteligência (CIA), ajudaram o Xá a criar uma organização de Segurança e Inteligência Nacional, na realidade uma polícia secreta, que se denominada SAVAK. Era ao mesmo tempo um serviço de inteligência, mas também cuidava da segurança interna do país. A SAVAK operou de 1957 até 1979, quando a dinastia Pahlavi foi derrubada.
Essa organização foi considerada “a mais odiada e temida” do Irã antes da Revolução de 1979, porque dedicou-se à tortura e à execução dos opositores do regime Pahlavi. Diz-se que, em seu momento mais glorioso, a SAVAK contou com até 60.000 agentes.
Além disso, a pobreza era gritante e a inflação incontrolável, fazendo com que os mais pobres pedissem o retorno às tradições, ao islamismo mais fundamentalista, tendo em vista considerarem a presença da cultura ocidental a principal culpada por sua desgraça. Junto com isso, a repressão política executada pelo Savak, incluindo a censura, prisões, tortura de dissidentes e assassinatos de opositores ao regime, tornavam odioso o governo do xá Pahlevi.
Nesse contexto, cresce a rivalidade islâmica em relação à ocidentalização do Irã, elevando o aiatolá Ruhollah Khomeini à condição de líder da Revolução que estava por vir. Aliás, é bom dizer que um dos motivos do sucesso da revolução foi o fato de se ter subestimado o movimento islâmico do Aiatolá Khomeini, considerando-o uma ameaça menor em relação aos comunistas.
Entre 1963 a 1967, a economia do país havia crescido, em particular por causa do preço do petróleo e da exportação de aço. No entanto, como já apontado, a inflação cresceu junto com a economia, de forma que o padrão de vida dos pobres e da classe média não acompanhava a economia. Como sempre, quem ganhou dinheiro foram os já ricos e os ocidentais, por meio de suas empresas e seus intermediários no país. Além disso, o governo do xá gastava exageradamente com a compra de armamentos modernos, em especial do seu parceiro preferencial, os Estados Unidos.
As reformas promovidas pelo xá, conhecidas como Revolução Branca, visavam diminuir o papel do islã no país, abolindo até o calendário, censurando publicações islâmicas (embora também as marxistas), pondo fim ao regime feudal, dividindo as terras dos líderes religiosos (reforma agrária), de forma a reduzir sua renda e seu poder. O direito de voto às mulheres foi estabelecido, mas isso foi também uma forma de afrontar os líderes religiosos.
A desigualdade cresceu junto com os protestos. Um movimento populista foi organizado nas mesquitas, por meio de sermões que denunciavam a maldade do Ocidente e dos valores ocidentais. Dessa forma, estavam dadas todas as condições para uma sublevação. E o fato de o próprio governo norte-americano, em 1977, por meio do presidente Jimmy Carter, ter pressionado o Irã por causa dos direitos humanos, fez com que o regime do xá abrisse brechas, fizesse concessões (como a liberação de 300 prisioneiros políticos, o relaxamento da censura e a reforma do sistema judicial).
Ao contrário do que, talvez, o governo esperava, essa abertura levou ao aumento de protestos da oposição e a mais exigências por parte de escritores, exigindo liberdade de pensamento. A afronta aos líderes religiosos, em particular a reforma agrária, cobrava seu preço agora, com uma guerra santa abertamente declarada contra o xá.
O aiatolá Khomeini assumiu, como esperado, um papel fundamental na sublevação do povo iraniano. Dessa forma, quando, em 1978, a imprensa oficial do país iniciou um ataque sistemático a ele, acendeu-se o estopim para que os protestos explodissem no país, o que foi respondido com muita violência da parte do regime Phalevi.
Em 8 de setembro de 1978, ocorreu a sexta-feira negra, massacre levado a cabo pelo exército que matou cerca de 90 pessoas. É esse o marco do que se considera o início do fim do regime do xá. Em 12 de dezembro do mesmo ano, cerca de 2 milhões de pessoas inundaram as ruas de Teerã para protestar contra o xá.
Nesse ponto, o exército do xá, com os soldados recusando-se a atirar em manifestantes – muitos deles desertando inclusive – , literalmente desintegra. Assim, Reza Pahlevi se vê derrotado e tenta reformar a Constituição do país, mas isso já não era mais o desejo do povo. Com uma maioria fiel a Khomeini, a monarquia iraniana chega ao fim e o xá é forçado a abandonar o país. Era o dia 16 de janeiro de 1979. A Revolução Iraniana fecha um ciclo. O imperialismo ocidental é derrotado e ainda hoje o Irã continua sendo um dos maiores centros de resistência ao imperialismo do Oriente Médio.