Como já mostramos anteriormente, a União Europeia caminha-se para a maior crise de sua história. O bloco dos países imperiais europeus está em crise, com o elo mais fraco desta união vindo abaixo com as crises econômicas e sociais, com ascensão da extrema-direita por todo continente e o avanço dos movimentos separatistas, que a cada dia racham os antigos países imperialistas, formados pela opressão de povos sob o comando de ferro de monarquias e da democracia burguesa.
Se antes Boris Johnson lidava com seu cargo na corda bamba, ameaçado pela crise política gerada pelo Brexit, agora o primeiro ministro britânico busca contornar a situação numa campanha em que pretender retomar a maioria no parlamento e aprovar de vez a saída de um dos principais países imperialistas do mundo da União Europeia.
Boris Johnson havia ameaçado anteriormente que se o parlamento britânico não decidisse até o dia 31 de outubro, o mesmo iria chamar por novas eleições gerais, buscando alterar todo o parlamento que duraria até 2022, em uma tentativa de impor sua política. No entanto, mesmo que inicialmente rejeitada, as até então inesperadas novas eleições passaram a ser uma realidade no Reino Unido, sendo aprovada por ampla maioria pela Câmara dos Comuns, em uma votação de 438 votos a favor e apenas 20 contrários.
A facilidade com que foi aprovada as novas eleições remete ao fato de que o Partido Trabalhista, uma das poucas possíveis resistências dentro do parlamento, também estava favorável a chamada de novas eleições, encabeçado por Jeremy Corbyn, candidato a primeiro-ministro e líder da ala esquerda do partido. Além disso, a crise política que atinge hoje o Estado britânico é de alta magnitude, sendo responsável pela derrubada de outros do cargo de primeiro-ministro e com uma intensa polarização na sociedade.
A razão de ter chamado novas eleições deve-se ao fato de que Boris Johnson pretende por meio dela recriar algo que seria como um novo plebiscito pela saída da UE. Ao contrário dos vacilantes trabalhistas, que assumiram uma posição centrista quanto a saída ou não do bloco, os conservadores e toda extrema-direita fazem intensiva campanha a respeito do assunto, assumindo uma postura mais aberta e firme, o que atrai as camadas mais populares na ausência de uma política séria por parte da esquerda.
Tal questão foi expressa na frase de Johnson, onde ele diz preferir estar morto em uma vala do que adiar o Brexit novamente.
Com base nisso é que a extrema-direita britânica aposta, pois, enquanto os trabalhistas não intensificarem sua campanha de forma clara e ligada aos desejos do povo, que ao mesmo que não deseja permanecer sob o controle dos grandes capitalistas e banqueiros espanhóis e alemães, também não quer lutar simplesmente para continuar a ser explorado pela burguesia inglesa. Por causa disso, os trabalhistas não assumem de uma vez por todas uma postura clara nesta situação, convocando para si o desejo das massas e não permitindo, da mesma forma com que o resto da esquerda europeia, deixar a demagógica extrema-direita se criar em cima.
Jeremy Corbyn já é uma figura fora da curva de ascensão da extrema-direita no continente, devido a sua política mais à esquerda. No entanto por pressão interna de setores direitistas do partido, os trabalhistas ainda não evoluíram para uma política concisa, algo que necessita ser feito caso não planejem perder terreno político para a extrema-direita