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11 de agosto de 1965 – estouram os levantes raciais de Watts

Há 54 anos, o distrito de Watts – Los Angeles, Estados Unidos – entrava em convulsão social após um episódio de brutalidade policial contra um jovem negro. O operariado negro, segregado oficialmente por um regime de apartheid, iniciou uma insurreição de cinco dias contra a polícia e as autoridades locais, resultando em diversos bairros queimados, prisões em massa, e dezenas de mortos. Após o levante, direitos iguais para a população negra passariam a ser garantidos pela lei do Estado da Califórnia.

Na noite de uma quarta-feira, 11 de agosto de 1965, o jovem negro Marquette Frye dirigia o Buick 55 de sua mãe quando foi parado pelo policial Lee Minikus, sob alegação de direção perigosa, recebendo voz de prisão. Trazida pelo irmão de Marquette, Ronald, sua mãe, Renna Price, foi empurrada por um policial. Quando a mulher reagiu, outro guarda apontou-lhe uma escopeta. Instalou-se um tumulto com a população que já se agrupava na esquina da rua 116 com o Avalon Boulevard, em Watts. A família foi espancada e presa, escalando a revolta da comunidade, que passou a atirar pedras e pedaços de concreto nas forças de repressão.

Rapidamente formaram-se grupos de combate e barricadas. O governador direitista Pat Brown (Partido Republicano) declarou estado de emergência, convocando a Guarda Nacional do Exército da California para dar combate à população, que passara a ser considerada “guerrilheira”.

Na verdade, como se deduz do ocorrido, não se tratava de um levante organizado, mas da rebelião da comunidade negra segregada e oprimida nas metrópoles da Califórnia – Costa Oeste dos Estados Unidos. A região tivera um grande crescimento industrial desde a década de 40, impulsionada pelo esforço de guerra que demandava a fabricação de armamento para as batalhas no oceano pacífico. Tal desenvolvimento impulsionara um expressivo êxodo – sobretudo da população negra – do Meio-Oeste rumo ao litoral ocidental. O sul de Los Angeles foi ocupado por estes operários, o que acabou por deslocar a população branca, racista, de classe média, para condomínios fechados distantes. Iniciou-se uma batalha legislativa, em que os brancos buscavam manter a discriminação racial de base territorial, culminando na chamada Proposição 14, de 1964, que assegurava aos grandes proprietários o “direito de negar-se a vender” imóveis a quem desejassem – os negros.

Este verdadeiro apartheid na verdade colocava os negros em más condições de moradia, evidentemente. Além da questão imobiliária, a população negra vinha sofrendo com carência de escolas e creches, expressivo analfabetismo e alto índice de desemprego. Enfim: a pobreza necessária ao capitalismo às portas de uma das grandes metrópoles norte-americanas.

Mais de 35 mil pessoas participaram dos conflitos. Com a presença do exército – totalizando um total de mais de 1600 efetivos de repressão –, declarou-se estado de sítio em Watts, bem como em todas as regiões majoritariamente negras de Los Angeles. Cerca de 3.500 pessoas foram presas, 34 foram mortas, 1.032 feridas até o dia 16 de agosto, quando cessaram os conflitos. Quase mil imóveis foram depredados ou queimados.

Os racistas brancos foram obrigados a declarar inconstitucional a Proposição 14 no ano seguinte – embora a pobreza, o desemprego e o analfabetismo tenham persistido, sem mudanças nas políticas públicas. O episódio tem um duplo sentido: ao mesmo tempo em que mostra a força política de mobilizações populares, demonstra os limites reivindicativos de movimentos desorganizados.

 

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