Ernesto “Che” Guevara pronunciou um discurso histórico na Assembleia das Nações Unidas em 11 de Dezembro de 1964.
Em seu discurso, o líder revolucionário denunciou as provocações e ameaças do imperialismo americano à Cuba, que tentara invadir a ilha no episódio do ataque mercenário promovido pela CIA na Baía dos Porcos (Playa Girón) e no episódio da crise dos mísseis, quando os EUA cercaram a ilha com sua marinha, o que quase resultou em um conflito nuclear com a União Soviética. Che ainda menciona a violação sistemática do espaço aéreo por aparelhos espiões dos EUA, a infiltração de sabotadores, os ataques piratas nas águas internacionais e as provocações dos marines americanos na zona de Guantánamo. Desde 1898, os EUA mantém uma base naval no território cubano, que transformou-se em uma prisão política amplamente denunciada pela tortura e todos os tipos de arbitrariedades após as guerras do Afeganistão e Iraque.
O direito de soberania do Estado Cubano não era negociável e qualquer compromisso deveria implicar em obrigações recíprocas. Assim, Che coloca que Cuba não aceitaria as inspeções da ONU a mando dos EUA para impedir que o governo revolucionário da ilha possuísse as armas que julgassem necessárias para sua defesa. De acordo com o revolucionário, os EUA não teriam direito de interferir na política interna de países soberanos e tampouco violar seu território e espaços naval e aéreo. Afirma ainda que Cuba quer construir o socialismo.
Che saudou o ingresso na ONU dos países Zâmbia, Malawi e Malta e os chamou para fazerem parte ao movimento de países não-alinhados, com o objetivo de lutar contra o imperialismo, o colonialismo e o neocolonialismo. Disse que o governo cubano, apesar de ser marxista-leninista, não se alinhava com a URSS, pois os não-alinhados combatem o imperialismo.
O líder destaca a disposição revolucionária das massas latino-americanas e sua decisão de luta que paralisa a mão armada do invasor imperialista. A proclamação revolucionária dos povos se sintetiza na consigna “Pátria ou Morte!”.