Por quê estou vendo anúncios no DCO?

Jazz

105 anos de Billie Holiday, um dos grandes nomes da música negra

Nascida em 1925, Billie Holiday faria uma carreira curta, mas de enorme sucesso na história do jazz.

Billie Holiday nasceu Eleanora Fagan em 7 de abril de 1915 em Philadelphia, estado de Pennsylvania.

Sua carreira foi muito breve, de 1933 a 1959. Deixou sua marca na história do jazz com um estilo inconfundível e revolucionário. Seu uso de variações de tons e vibrato, além do perfeito domínio do fraseado do mesmo modo que era feito pelos instrumentistas de jazz, sua facilidade em modelar uma melodia à sua vontade e seu modo de interpretar as letras das canções foram elementos do trabalho de uma artista verdadeiramente única. Ganhou o apelido de “Lady Day” de seu amigo e parceiro, o saxofonista Lester Young.

Holiday lançou inúmeros discos de 78 rotações e a partir de 1952, com a chegada do formato LP de vinil, doze álbuns até sua morte em 1959.

Billie nunca teve um aprendizado musical formal. Seu trabalho foi fruto de pura intuição musical e de suas muitas apresentações em pequenos clubes noturnos. Sua dedicação veio também de sua forte vontade de fugir de uma infância miserável e repleta de abandonos e abusos.

Infância traumática

Billie era filha de um casal de jovens, na época ainda adolescentes, Sadie Fagan e Clarence Holiday.

Clarence tocava guitarra e banjo profissionalmente, mais notavelmente na banda de Fletcher Henderson nos anos 30. Clarence e Sadie romperam antes mesmo do nascimento de Billie. Como músico, estava frequentemente longe de casa. Segundo a própria Billie a vida na estrada significa que Baltimore foi apenas mais uma parada no itinerário do músico.

Em 1920 Sadie se casou com um estivador, Philip Gough, e por algum tempo Billie teve uma vida quase estável. Mas o casamento ruiu três anos depois e Billie e sua mãe tiveram que seguir em frente morando numa vizinhança altamente povoada em East Baltimore. Essa era a época da Grande Migração afro-americana, com muitos negros fugindo do racismo e da pobreza dos estados do Sul para as regiões ao norte dos Estados Unidos. Com isso chegaram muitos negros do sul em Baltimore.

Para aumentar sua renda familiar a mãe de Billie, Sadie, alugava quartos em sua casa para esses negros vindos do sul. Por volta do natal de 1926 Sadie voltou para casa e descobriu um de seus inquilinos tentando estuprar sua filha de 11 anos. O homem foi preso, mas segundo a lógica das leis dos brancos da época, Billie foi mandada para a Good Shepherd Home for Colored Girls, uma escola católica para crianças negras para “restaurar os seus princípios morais”.

Billie já havia tido problemas antes por isso o juiz achou que o assédio sexual era um sinal de seu comportamento inconsequente. A família de Billie levou quase dois anos para conseguir que ela voltasse para os braços de Sadie.

Na volta para casa Billie e sua mãe se mudaram para o Harlem em Nova York. Trabalhavam durante o dia como empregadas domésticas e à noite conseguiam um dinheiro extra como prostitutas em um bordel. Billie foi presa por prostituição em uma blitz policial logo após completar seus 14 anos. Sadie foi libertada em julho de 1929 e Billie ficou presa por 100 dias até outubro daquele ano.

Após sair da prisão Billie e sua mãe se mudaram para o Brooklyn. Lá ela começou sua carreira de cantora profissional. Suas inspirações eram Louis Armstrong e Bessie Smith.

Em 1930 (ou 1931) Eleonora Fagan mudou de nome para Billie Holiday. Billie como um tributo à estrela do cinema mudo Billie Dove e Holiday de seu pai biológico.

A descoberta da grande cantora

Em 1933 o famoso produtor John Hammond descobriu o talento de Billie, na época já uma cantora de grande reputação nos clubes noturnos da cidade. Hammond arranjou uma sessão de gravação com a orquestra de Benny Goodman, que rendeu o primeiro disco de sua carreira, o single “Your Mother’s Son-in-Law”, que foi creditado a Benny Goodman & His Orchestra.

Ela se tornou cantora da orquestra de Teddy Wilson, lançando vários discos. Só começou a lançar discos sob o seu próprio nome em 1936. Alguns de seus maiores sucessos dessa época foram “Summertime”, “Carelessly”, “I’ve Got My Love To Keep Me Warm” e especialmente “Strange Fruit” em 1939.

Strange Fruit

“Strange Fruit” se originou como um poema escrito pelo escritor, professor e compositor judeu Abel Meeropol sob o seu pseudônimo de Lewis Allan, como um protesto contra os linchamentos de negros, ainda em prática nos estados do sul dos Estados Unidos. Em seu poema Meeropol expressou o seu horror frente ao linchamento de Thomas Shipp e Abram Smith em Marion, Indiana, registrado numa célebre fotografia de Lawrence Beitler.

Billie foi apresentada à canção por Barney Josephson, fundador do Café Society em Greenwich Village em Nova York. A cantora declarou seu medo de retaliações por causa da força da canção, mas continou a cantá-la porque as imagens a lembravam de seu pai, a quem foi negado tratamento médico por causa do racismo. O pai Clarence Holiday morreu por problemas respiratórios e falta de tratamento adequado em 1937.

Quando mostrou sua intenção de gravar a música o produtor John Hammond a recusou, temendo reações negativas dos lojistas no sul do país. Por isso “Strange Fruit” foi lançada pela gravadora Commodore. Acabou se tornando um grande sucesso e a música mais associada ao nome de Billie.

Sucesso comercial

Os anos de maior sucesso de Holiday foram entre 1940 e 1947. Entre 1945 e 1947 chegou a faturar 250.000 dólares. Mas em 1947 começaram seus problemas legais. Billie se tornara dependente de várias drogas, heroína, especialmente. Ela foi presa e condenada por posse de drogas. Ao mesmo tempo em que lançava discos brilhantes colecionava problemas com seus vícios e com casamentos e relacionamentos abusivos.

Ela faleceu em 17 de julho de 1959 por problemas decorrentes de cirrose. Ela tinha apenas 44 anos de idade. Estava praticamente falida quando morreu. Tinha apenas 1000 dólares.

Mas seu legado artístico foi imenso, uma influência enorme para todos os que vieram depois.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.