O Brasil registra neste momento o segundo maior contingente de infectados pelo coronavírus em todo o mundo. O país está situado no ranking das nações que menos adotou medidas efetivas de combate à pandemia, com baixíssimos investimentos na saúde, em todos os seus aspectos mais essenciais (contratação de profissionais, compra de equipamentos, testes, auxílio aos grupos populacionais vulneráveis, etc).
Esta situação de verdadeiro abandono da população pobre e explorada fez com que milhares de brasileiros já tenham perdido a vida para a covid-19. Este quadro trágico e catastrófico é o retrato fiel da situação de caos a que os golpistas conduziram a nação, marcadamente os que violaram e golpearam a vontade popular, com a deposição – inconstitucional – do governo eleito em 2014.
Mais de quatro meses após o registro dos primeiros casos, a pandemia está fora de controle, não há testes em massa e os hospitais públicos já estão muito próximos do colapso, com alguns já vivenciando a situação de superlotação. Para agudizar ainda mais o já caótico quadro de calamidade social, o pais está há mais de dois meses sem ministro da saúde, com a pasta ocupada por militares bolsonaristas sem nenhum conhecimento técnico e preparo para o enfrentamento da grave crise sanitária que assola todas as regiões do território nacional.
Em meio a esta situação desastrosa, informações oriundas da comissão médica da Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas (ABCVAC) estimam que cerca de 100 milhões de pessoas no Brasil poderão ter que recorrer à rede privada quando a vacina estiver disponível. Os cálculos levam em consideração o cenário atual da doença no Brasil, contando com o fato de que cerca de 25% da população já terá sido contaminada, entre os casos confirmados e previsões dos assintomáticos.
A propósito desta situação, Marcelo Daher, médico da ABCVAC, declarou que: “Como estamos falando de uma pandemia, onde o mundo inteiro espera pela vacina, não existem condições de produzir, nesse primeiro momento, o volume equivalente à demanda”. Ele ainda afirmou que “quando a vacina for liberada, a prioridade será do governo, que terá o dever de comprar duas doses para os grupos de risco, idosos acima de 60 anos e pacientes com comorbidades” (portal IG, 24/7).
É difícil imaginar que o governo brasileiro, que vem tratando com total e absoluto descaso a pandemia no país adotaria como prioridade a compra do equivalente a duas doses de vacina para os grupos de risco, ou mesmo para qualquer outro segmento da população mais vulnerável. O que vemos hoje é a mais completa barbárie sócio-sanitária instalada no Brasil, com o retorno às atividades em todos os estados, no momento em que o vírus está em franca disseminação.
Para sermos minimamente conseqüentes com o slogan “é preciso salvar vidas”, adotado como consigna por muitos setores da esquerda nacional, faz-se necessário, antes de qualquer outra ação, lutar para expulsar do governo a camarilha reacionária, militar e golpista que vem ceifando, cotidianamente, milhares de vidas. É preciso levantar a bandeira do “Fora Bolsonaro”, ocupando as ruas e praças do país, dirigindo um claro chamado à população, aos trabalhadores e às massas populares para ampliar e fortalecer os movimentos que se organizam e lutam contra o governo genocida.