Mais de 9,7 milhões de trabalhadores ficaram sem remuneração em maio de 2020. Isso corresponde a mais da metade (51,3%) das pessoas que estavam afastadas de seus trabalhos.
Os dados integram a primeira divulgação mensal da PNAD COVID-19, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do último dia 24.
Um desastre social
Para se ter uma noção da dimensão desse número de “sem renda”, ele equivale a mais de 11% da população ocupada. E por população ocupada, tem-se todo e qualquer trabalhador que esteja executando alguma atividade comercial, seja de maneira formal ou informal, remunerada ou não-remunerada.
No Brasil, apenas 19 milhões de pessoas foram afastadas do serviço durante a pandemia. Deste número quase irrisório perante o tamanho do problema, mais da metade está sem rendimentos, ou seja, não tem condição alguma de manter qualquer isolamento social.
Segundo o diretor adjunto de pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, “já sabíamos que havia uma parcela da população afastada do trabalho e agora a gente sabe que mais da metade dela está sem rendimento. São pessoas que estão sendo consideradas na força, mas estão com salários suspensos. Isso não é favorável e tem efeitos na massa de rendimentos gerada, que está estimada abaixo de R$ 200 bilhões” (AgênciaIBGE, 24/6/20.
Nas condições atuais em que as oportunidades de se conseguir uma nova ocupação e renda são próximas de zero, a situação equivale a uma ameaça de morte para dezenas de milhões de brasileiros.
Fracasso do “isolamento
A realidade destes números e do aumento de infectados também mostra que as propagandas de “o isolamento está funcionando”, dos governadores e da esquerda pequeno burguesa, são uma grande mentira, pois nem os “científicos” implementaram, de fato, o isolamento, que foi sempre uma política, predominantemente, para a burguesia e setores das classe médias.
Apenas 13,3% dos trabalhadores que estão trabalhando estão em regime de trabalho remoto. O número dispara para 38,3% se analisada apenas a porção de trabalhadores que possuem nível superior. Para os trabalhadores apenas com nível fundamental completo e nível médio completo, os valores são os ridículos 1,7% e 7,9%, respectivamente.
A situação mostra que a classe trabalhadora está, cada vez mais, entregue à miséria, sem leitos, sem médicos, sem equipamentos, sem testes e sem renda.
Paralisia dos sindicatos e da esquerda
Deste modo, a inércia da esquerda burguesa e pequeno burguesa – na qual se destaca o fechamento dos sindicatos – se dá pelo fato de que grande parte de seus dirigentes, estão em posição confortável de terem condições de desfrutarem de isolamento e da manutenção de seus vencimentos.
Enquanto isto, o governo fascista implementa a corrosão dos salários e uma verdadeira destruição do estado através de privatizações.
A pesquisa também mostrou que, durante a pandemia, o rendimento médio dos trabalhadores caiu, em média, mais de 18%. É esperado que isto se torne permanente, pois não há sinal de que o apetite voraz da burguesia não cesse nem durante nem após a pandemia, tornando permanente o aprofundamento dos ataques à classe trabalhadora.
Ainda segundo os dados do IBGE, 36,9 milhões de pessoas procuraram ou gostariam de procurar emprego. Isto corresponde a mais de um terço da população economicamente ativa, que estariam, “oficialmente”, desempregados, além de outros milhões que continuam vivendo de “bicos” e serviços temporários ou sem condições de procurar emprego.
Uma situação que, pela primeira vez na história do País, coloca a maioria da classe trabalhadora brasileira, sem ter um trabalho regular, sendo – de fato – desempregados.
Uma situação explosiva
Tais condições, colocam a imensa maioria da população em uma situação limite, podendo o País possa entrar em forte ebulição, a qualquer momento; o que é reconhecido até pela direita golpista, que busca conter a situação com a miséria (que Bolsonaro quer reduzir) do auxílio-emergencial, ao mesmo tempo em que distribuem bilhões para banqueiros e grandes capitalistas.
É preciso quebrar a paralisia dos sindicatos e da maior organização operária do País, a Central Única dos Trabalhadores.
Reabrir os Sindicatos e lançar uma ampla campanha pela redução da jornada, sem redução dos salários; estabilidade no emprego e readmissão de todos os demitidos na pandemia e outras medidas de proteção do emprego e dos salários da classe trabalhadora; juntamente com a luta pelas medidas de urgência diante da pandemia (testes, EPI’s, pesados investimentos na Saúde pública etc.) e com a luta para colocar abaixo o governo genocida de Bolsonaro e todos os golpistas.