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10 de julho de 2001 – ditador argentino condenado pela Operação Condor

Há 18 anos, o general Jorge Rafael Videla Redondo, golpista e ex-ditador da Argentina (1976-1981), era condenado à prisão perpétua pela Justiça argentina por associação ilícita com agravante por haver participado junto a seus pares Augusto Pinochet (Chile) e Alfredo Stroessner (Paraguai) da Operação Condor, destinada a perseguir, prender, torturar e assassinar as organizações de esquerda em seus países.

Videla esteve à frente do último golpe militar perpetrado pelo Imperialismo contra o povo argentino em 24 de março de 1976, iniciando uma brutal ditadura de sete anos sob a qual nada menos que 30 mil pessoas desapareceram. Assim como as demais ditaduras organizadas pelo governo norte-americano desde a década de 1950 em todo o mundo e especialmente na América do Sul, tratava-se de um regime de características fascistas, implementado com a finalidade de exterminar as organizações populares e suas lideranças, e assim ter campo livre para arrasar o país.

Videla e outros 150 militares e policiais haviam sido sucessivamente condenados e libertados desde a redemocratização. Em 1985, foi condenado à prisão perpétua “como responsável máximo pela guerra suja contra a subversão”. Em 1990, o então presidente Carlos Menem (abominável  mistura platina de Julio Iglesias com Fernando Collor), concedeu indulto presidencial ao genocida, que permaneceria livre até 1998, quando passaria 38 dias atrás das grades da prisão de Caseros por terrorismo de Estado e crimes de lesa-humanidade – ambos imprescritíveis.

A tradicional pressão da direita dentro do Poder Judiciário lhe favoreceria com prisão domiciliar devido a sua idade – na verdade, apenas 73 anos. Somente em 31 de agosto de 2010, a Corte Suprema de Justicia declarou inconstitucional o indulto que recebera, e o general foi preso primeiro numa base militar e depois na penitenciária comum de Marcos Paz, onde permaneceria até 17 de maio de 2013, quando morreria aos 87 anos sentado num vaso sanitário – talvez num momento de nostalgia de seus tempos no poder.

Dentre as muitas barbaridades de Videla et caterva, o ex-mandatário foi julgado culpado de sequestro e subtração de identidade de menores de idade (roubo de crianças), apologia ao crime, administração fraudulenta, prisão ilegal de dois empresários, fuzilamento de presos, sequestro e assassinato do estudante Cecílio Kamenetzky, crime de lesa-humanidade, além de ter extradição reclamada por tribunais na Espanha, na Alemanha, na Itália, na Suíça e na França pelo assassinato de centenas cidadãos daqueles países residentes na Argentina.

Informe 334/77, do Centro de Informações do Exterior (CIEX), órgão subordinado ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil. O informe trata da operação do governo uruguaio contra o Partido Comunista do Uruguai.

A condenação pela participação na Operação Condor, porém, é o que o conecta e a seu regime de modo mais inquestionável com o Imperialismo. A operação Condor era um plano de cooperação entre ditaduras sul-americanas coordenado pela Agência Central de Inteligência (CIA) norte-americana. Também conhecida como Operação Carcará entre nós, envolveu os governos da Argentina (Videla), Bolívia (Hugo Banzer), Brasil (Costa e Silva, Médici, Geisel, Figueiredo), Chile (Augusto Pinochet), Paraguai (Alfredo Stressner), Uruguai (Aparicio Méndez) e, evidentemente, dos Estados Unidos (Henry Kissinger). Seu objetivo era eliminar qualquer grupo de oposição aos regimes vigentes nesses países, armados ou não, unificando suas forças de repressão. Aos acusados, eram negados todos os direitos humanos e políticos, podendo ser extraditados, presos, torturados e mortos sem direito a defesa.

Melhor sorte que Videla e seus comparsas tiveram os fascistas da ditadura militar brasileira – a mais longeva –, que logrou indulto a seus agentes por meio da Lei de Anistia Política, de 1979. Livres, mantiveram-se ativos nos bastidores, até voltarem à tona de modo escancarado contra a ascensão do Partido dos Trabalhadores ao governo em 2003. Desde então, impunes, tornaram a agir à luz do dia, grunhindo e apregoando seus velhos bordões criminosos.

Em 2013, o Imperialismo voltaria a fazer uso dos préstimos de tais elementos e de seus discípulos. Montou-se uma nova articulação chamada de Plano Atlanta que passaria a perpetrar golpes de Estado em toda a América Latina novamente usando os mesmos métodos: campanha massiva da imprensa, uma falsa cruzada contra a corrupção, um Judiciário parcial e envolvido diretamente com os norte-americanos. No Brasil, é evidente a associação de Sérgio Moro e dos envolvidos na chamada Operação Lava-Jato na empreitada. Os procuradores e Moro chegaram mesmo a propor abertamente um chamado pacote anti-corrupção que nada mais são que a supressão total dos direitos políticos de todas as lideranças populares.

Convém lembrar: não foi ao acaso a menção do então parlamentar Jair Bolsonaro ao mais cruel verdugo da ditadura, o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, na fala do deputado, “o terror de Dilma Rousseff” – uma vez que a presidente fora presa e torturada na juventude. Mas o curso das forças que movem a história é implacável. A burguesia é forte, mas é minoritária. A classe trabalhadora já se vê oprimida diretamente pelas figuras grotescas que hoje se empoleiram na Esplanada dos Ministérios e em breve se moverá. E não se cometerá por uma segunda vez o erro da anistia. Os fascistas de hoje pagarão por seus crimes de lesa-pátria e lesa-humanidade no mínimo assim como Videla, talvez assim como Mussolini.

 

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