Miguel Primo de Rivera y Orbaneja (1870-1930) nasceu em Jerez de la Frontera, província de Cádis, região da Andaluzia. Rivera era filho de militares e ingressou na carreira militar aos 14 anos da idade. Serviu nas colônias espanholas de Marrocos, Cuba e Filipinas. Seu tio, Fernando Primo de Rivera, ocupou os postos de governador das Filipinas e Ministro da Guerra.
Devido ao fato de ter se destacado em combate, em 1912 Primo de Rivera já alcançara o posto de general. No interior da Espanha, foi capitão-general de Valência, de Madrid e de Barcelona.
Em 13 de setembro de 1923, o general Primo de Rivera lidera um golpe de Estado militar que suspende a Constituição e dissolve o Parlamento. O rei Afonso XIII e os setores de direita conservadora (Igreja Católica, burguesia espanhola, Forças Armadas, polícia nacional) apoiaram a articulação golpista. O Diretório Militar, uma espécie de junta militar, foi instalada e concentrava todos os poderes de Estado.
O golpe prosseguiu com o banimento dos partidos políticos representativos. Em seu lugar, criou-se a União Patriótica, que se apresentava como um órgão acima dos partidos e facções políticas, um corpo de tecnocratas representantes de toda a Espanha. O salazarismo português se inspirou no modelo da ditadura de Primo de Rivera, assim como a União Nacional portuguesa seguiu o modelo da União Patriótica.
A ditadura militar de Primo de Rivera se destacou na perseguição política à esquerda espanhola. A Confederação Nacional do Trabalho (CNT), organização operária controlada pelos anarquistas, foi declarada como ilegal. O Partido Comunista e os demais partidos de esquerda foram alvo de uma dura repressão policial. O partidários da independência da Catalunha também foram perseguidos e seus órgãos administrativos comunitários suprimidos. A consolidação da dominação colonial sobre o Marrocos (Norte da África) é considerada seu principal êxito político de Rivera. No início da década de 1930, Rivera renuncia e é obrigado a se exilar em Paris.
A derrubada da ditadura de Primo de Rivera (1930) e a queda da monarquia de Afonso XIII (1931) pela mobilização de massas impulsionada pelo movimento republicano significam o começo da Revolução Espanhola, que vai durar até 1936. A derrota da Revolução acontece tanto pela intervenção das forças franquistas, apoiadas por Hitler, Mussolini e Salazar, quanto pela política da Frente Popular, que serviu para conter as massas.
O Império Espanhol, que já foi a potência dominante no mundo, experimentou uma prolongada crise que se acentuou no final do século XIX, quando este perde suas últimas colônias em Cuba, Porto Rico, Filipinas, que passaram para o domínio dos Estados Unidos. Já no século XX, o país ibérico experimenta o desenvolvimento da indústria e da classe operária, que adquire grande importância no regime político.