Nascido em 7 de abril de 1772, Charles Fourier, natural da comuna de Besançon, na França, foi um filósofo e socialista utópico. Entusiasta do cooperativismo e filho de um comerciante de tecidos, Fourier chegara a trabalhar como comerciante, mas acabou falindo. De início, Fourier tinha interesse na arquitetura, no entanto, abandonara os estudos aos 17 anos com seus objetivos traçados: ajudar a humanidade. Após servir no exército durante a revolução francesa, Fourier iniciaria seus primeiros passos sobre as questões sociais e econômicas.
Perspicaz e enérgico crítico social, Fourier tornara-se inconfundível ao fazer análise da burguesia francesa antes e após a Revolução (1789–1799), desmascarando-a com seus inspirados profetas de antes e seus aduladores interesseiros de depois da Revolução; desnuda, sem piedade, toda a panaceia social em que se assentava a burguesia, colocando em evidência toda miséria material e moral do mundo burguês. Sua crítica colocava em evidência a contradição entre a sociedade na qual devia reinar a Razão – prometida pelos filósofos, com o mundo concreto em que se esbanjava a burguesia e seus privilégios. Afinal, não se anunciava uma civilização que devia dar o bem-estar geral, uma perfeição indefinida do homem? Além de crítico, Fourier era um dos maiores satíricos da época, capaz de desvelar as trapaças especulativas que floresceram após o declínio da Revolução e a rapinagem desenfreada de todo o comércio francês do seu tempo. Suas críticas atingiram até mesmo as relações sexuais da burguesia e a posição social das mulheres. O filósofo chegou a declarar que, em determinada sociedade, o grau de emancipação geral se mede pelo grau de emancipação da mulher.
Fourier compreendia que toda fase histórica tem sua ascensão e seu declínio. Ao dividir a história da sociedade em: selvageria, barbaria, patriarcado e civilização, Fourier destaca como a ordem civilizada eleva todos os vícios da barbaria. Para ele, a civilização se movia em “círculos viciosos”, numa sequência de contradições intermináveis. Percebe-se, portanto, que Fourier dominava a dialética como poucos. Segundo o filósofo, uma prova cabal seria que “a pobreza nasce da superabundância”.
De acordo com Fourier, “a igualdade de direitos é outra quimera, digna de elogio quando considerada em abstrato e ridícula do ponto de vista dos meios empregados para introduzi-la na civilização. O primeiro direito dos homens é o direito ao trabalho e o direito a uma renda mínima. Foi exatamente isso que não foi reconhecido em todas as constituições. Sua principal preocupação é com indivíduos favorecidos que não precisam de trabalho”.
Em seu livro Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico, Engels aponta que Fourier, assim como Hegel, era idealista, isto é – “em lugar de considerar suas ideias como os reflexos intelectuais dos objetos e dos movimentos do mundo real, obstinava-se a só considerar os objetos do mundo real e as suas transformações como outros tantos reflexos de suas ideias. Faltava-lhes, portanto, descobrir as leis do desenvolvimento da história. Ao descobrir a mais-valia, Marx provou que a apropriação do trabalho não pago era a forma fundamental da produção capitalista. Segundo Marx, “os homens entram em relações determinadas, necessárias, independente de sua vontade; essas relações de produção correspondem a um grau determinado de desenvolvimento de suas forças produtivas materiais. A totalidade dessas relações de produção constitui a estrutura econômica da sociedade, a base real sobre a qual se eleva uma superestrutura jurídica e política e à qual correspondem formas sociais determinadas de consciência. O modo de produção da vida material condiciona o processo da vida social política e intelectual.