O século XIX foi, entre outras coisas, o século do imperialismo, onde a Inglaterra foi uma das nações que mais alcançou extensões de terras no globo, através da guerra e dos massacres dos países oprimidos. No continente asiático, os britânicos tiveram bastante trabalho para estabelecer domínio completo sob a sua Coroa. Controlavam a Índia e chegaram, por meio das Guerras do Ópio, a se estabelecerem nos domínios de Xangai, na China.
Primeiramente, devemos ressaltar que a China era controlada por uma burocracia construída ao longo de dois mil anos de história. E como todos os marxistas sabem bem, toda burocracia leva direto a corrupção geral do sistema, e assim, esta que estamos tratando era imensamente organizada para os interesses das classes dominantes. Esta informação é importante para compreender o desenvolvimento da luta de classes dentro do país, pois, tal sistema irá acarretar diversas revoltas que vão desencadear uma luta revolucionária de operários e camponeses contra a burocracia e o imperialismo.
Para a Inglaterra era altamente lucrativos os negócios empreendidos pela Companhia Britânica das Índias Orientais, onde, dentre os produtos mais negociados, estavam o chá e o ópio. Os imperialistas compravam o chá dos chineses e levavam o ópio para a venda no Ocidente, porém, mantendo os lucros para a classe dominante e mantendo o povo na miséria.
Havia uma demanda muito grande por ópio na Europa e na América, tanto farmacêutica (o ópio era usado em feridos de guerra e pessoas acometidas de doenças causadoras de dor intensa), quanto recreativas (havia muitos clubes para consumo de ópio e haxixe nas principais cidades europeias). Contudo, os imperadores chineses viam com preocupação o uso do ópio entre a população da China, frente a dependência química e a decadência física e moral causadas pela droga.
A partir de 1800, a China estabeleceu decretos proibindo o consumo do ópio pela população, entretanto, as sanções eram ignoradas, e o comércio do produto com os ingleses estimulava o uso entre os chineses também. Chegando em 1839, a China decidiu acabar definitivamente o comércio do ópio e decretou a apreensão de cerca de 20 mil caixas do produto, expulsando os comerciantes ingleses que as estavam negociando. Essa ação afetou profundamente o Reino Unido, principalmente os capitalistas ascendentes interessados no produto.
No dia três de novembro do mesmo ano, os ingleses decidem por decretar guerra à China, mas que começou efetivamente no início do ano seguinte. Essa Primeira Guerra do Ópio durou de 1840 a 1842, resultando na derrota chinesa e na subordinação da China às potências ocidentais que exigiam abertura ao livre mercado.
O principal documento de subordinação ao imperialismo, foi o Tratado de Naquim, assinado em 1842, entre a dinastia chinesa de Manchu e o Reino Unido. O tratado foi considerado um dos “Tratados desiguais”, que “encurralavam” o império chinês a se abrir para o comércio com potências ocidentais. O resultado desse tratado foi o rompimento em pouco tempo do mesmo.
Em 1856, o governo chinês embargou um dos navios representantes da coroa inglesa, gesto que configurava violação do Tratado de Nanquim. Ocorreu uma inspeção no “Arrow” – um navio chinês com bandeira britânica – , o que foi considerada pelo Império Britânico como uma violação ao tratado, e, nesse contexto, o incidente foi utilizado como pretexto para dar início a mais um conflito armado.
Em 3 de março se inicia a Segunda Guerra do Ópio, que durou de 1857 a 1860. Essa segunda guerra imperialista para dominação do Oriente, culminou não apenas na tomada de mais regiões estratégicas do comércio chinês, como também na tomada da capital do império, a cidade de Pequim, em 1860, pelo oficial Lord Elgin, o qual, com a ajuda dos franceses, invadiu a cidade e incendiou o Palácio de Verão, do imperador chinês.