Há 59 anos, os Estados Unidos encerravam as relações diplomáticas com a Cuba, um castigo do imperialismo pela ousadia do povo cubano em se rebelar contra a sangrenta ditadura de Fugêncio Batista e, num momento posterior, contra aqueles que o sustentavam no poder. Formalmente presidente de Cuba, na prática, um mero fantoche do imperialismo norte-americano, envolvido até a medula com o crime organizado dos EUA e sem a menor consideração pela repressão brutal com a qual submetia as massas trabalhadoras de seu país, o regime de terror promovido por Batista era tão sangrento que até mesmo o “fascista fofinho” J.F. Kennedy se pronunciou a respeito, ainda em campanha presidencial, afirmando que o apoio americano a ditadura cubana “colocou os Estados Unidos do lado da tirania.”
Obviamente, tratava-se da tradicional demagogia dos políticos americanos do partido Democrata. O mesmo Kennedy, meses depois e já eleito, seria responsável pelo encerramento das relações com a ilha e iria ainda ordenar uma invasão armada a Cuba, frustrada pela população, que respondeu a agressão contra a soberania de seu país na mesma moeda, um feito memorável que derrotou uma das maiores máquinas de guerra da História e produziu um dos mais inspiradores eventos históricos do povo latino americano.
Kennedy daria ainda início ao bloqueio total da ilha, que incluem embargo econômico, financeiro e comercial a expulsão de Cuba da OEA (“Ministério das Colônias”), o bloqueio militar durante a chamada Crise dos Mísseis. Desde então, o povo cubano tem enfrentando o mais duradouro bloqueio da história moderna, com prejuízos superiores a US$ 922,6 bilhões para a economia da ilha caribenha. A ofensiva americana incluiria ainda mais de 600 tentativas de assassinato contra o líder da revolução cubana, Fidel Castro, cifra absurda mas ilustrativa do pesadelo político gigantesco que Cuba se transformou para os Estados Unidos após a revolução.
Sob o governo do também democrata (e também demagogo) Barack Obama, em 2015 uma série de encontros mediados pelo chefe da Igreja Católica, Papa Franscisco, produziu o chamado “degelo” das relações entre os Estados Unidos e Cuba, com medidas que visavam reduzir o bloqueio, contudo, sem mexer no embargo ou na ocupação militar de Guantánamo. A partir da ascensão da extrema-direita americana à Casa Branca, representada pelo escatológico Donald Trump, tais medidas foram canceladas e a política desses grandes defensores dos direitos humanos que são o governo americano voltou a sua “normalidade”, com o cerco contra a população retomado para que os cubanos morram por falta de itens básicos como comida ou remédios, uma política genocida denunciada até mesmo por instituições imperialistas como a ONU.
Nesse sentido, a bravura dos trabalhadores cubanos é ainda maior, e um exemplo prático do que Marx e Engels afirmavam na conclusão do Manifesto Comunista: “os trabalhadores nada tem a perder, exceto vossos grilhões”.