Finalmente os servidores públicos e trabalhadores terceirizados, ambos da Universidade de Brasília, entraram em greve, restando apenas os professores que ainda realizarão assembleia para adesão ao movimento paredista. Foi preciso que a reitoria anunciasse, ainda que todo mundo soubesse do porvir dessas medidas, que 1.100 estagiários remunerados seriam dispensados, além de quinze por cento dos contratos terceirizados serem extintos.
Os primeiros a se movimentarem foram os alunos que, no dia 12 de abril, ocuparam a reitoria da universidade contra a dispensa dos estagiários e aumento dos preços dos serviços, como os do restaurante. Já os serviços de portaria, vigilância e limpeza, cujos encarregados são os trabalhadores terceirizados, encontram-se comprometidos pela greve, sendo respeitado apenas o percentual mínimo estabelecido na legislação trabalhista.
Lado outro, a UnB sustenta que essas medidas seriam necessárias devido ao crescente déficit financeiro que assola as contas da instituição, e que, segundo os cálculos mais otimistas, a dívida seria de três milhões de reais até o final do ano. Em que pese o anúncio dos cortes, as demissões já eram sentidas desde o ano passado. Um verdadeiro enxugamento da máquina.
Essa é a situação da UnB, que não difere da situação das demais universidades públicas do país. A aprovação da PEC dos gastos, dispositivo legal que congela as contas públicas por vinte anos, impede qualquer ajuda financeira dos órgãos públicos, ainda que haja aumento da arrecadação pública. Ademais, estando mais da metade do orçamento público destinado ao pagamento da escandalosa dívida pública, que certamente está impregnada de anatocismos, qualquer tipo de reação financeira está inviabilizada.
A nefasta crise que assola as universidades públicas, assim como o serviço público de conjunto, é oriunda do golpe de Estado ocorrido em 2016, isto é, uma política de governo destinada a fazer tábula rasa nos benefícios para a população, ao passo que destina montanhas de dinheiro ao sistema financeiro capitaneado pelo imperialismo. Sem uma mobilização revolucionária de massas, que neste momento está condensada pela libertação de Lula, e que ponha abaixo a atual estrutura jurídica da burguesia, não seremos capazes de derrotar o golpe e seus efeitos.