A Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou nesta semana o seu relatório anual “Conflitos no Campo Brasil” do ano de 2017. Os dados são uma referência dos conflitos agrários e indicam os índices de violência ano a ano.
Os dados apresentados revelam que 2017 foi o ano mais violento desde 2003, com 70 assassinatos de lideranças rurais, indígenas e quilombolas. Os dados apresentados pela CPT mostram que após a ofensiva da direita que resultou no impeachment de Dilma Roussef, os números de violência vêm aumentando a cada ano.
O Estado do Pará foi o mais violento, com 21 assassinatos, seguido de Rondônia (17) e Bahia (10).
O que chama a atenção para a violência em 2017 são as quatro chacinas que resultou em 28 pessoas executadas, ou seja, 40% das pessoas assassinadas em conflitos no campo em 2017.
O grande número de chacinas, inédito até os dias atuais em um único ano, revelam um maior planejamento e organização dos massacres realizados pelos latifundiários, grileiros de terra e mineradoras, em conjunto com o poder público.
Citamos aqui o poder público, pois este esteve envolvido na maioria dos casos, seja por se recusar a dar proteção às vitimas, seja por estar diretamente envolvido nas mortes. Isso porque em 2017, principalmente nos massacres, existe o envolvimento de forças policiais e do judiciário golpista que deu cobertura para a ação destes.
No caso dos massacres, os policiais foram soltos, mesmo colocando em risco a vida de testemunhas, que em vários casos foram executadas também, como no caso de Pau d`Arco, no Pará.
Esse aumento se dá em apenas dois anos em que os golpistas tomaram o poder, pois desde 2003 quando o Partido dos Trabalhadores subiu ao poder, os números de assassinatos oriundos de conflitos no campo caíram pela metade e se mantiveram numa média de 35 assassinatos por ano até 2014, após isso os números mais que dobraram.
Apesar de números altos contabilizados pela CPT, esses números tendem a ser muito maiores, pois boa parte dos assassinatos é apresentada rapidamente pelas forças polícias como crimes comuns. Isso para esconder os verdadeiros criminosos e mandantes.
Os golpistas estão impondo uma verdadeira guerra civil no campo contra os trabalhadores sem-terra e das comunidades tradicionais para acabar com a luta pela terra e entregar essas riquezas para os latifundiários, madeireiros e mineradoras ligadas ao imperialismo.
Em 2018, há evidencia que os conflitos vão se acirrar ainda mais com mais mortes contra os movimentos de luta pela terra. Para barrar essa situação é preciso barrar os golpistas e derrotar o golpe, colocando a classe trabalhadora e explorada nas ruas contra o governo golpista e exigir a palavra de ordem pelo direito de autodefesa dos trabalhadores do campo diante da formação de milícias dos latifundiários, ação de policiais e pistoleiros.