Governo da Nicarágua finalmente expulsa os golpistas da Organização dos Estados Americanos (OEA), o “ministério das colônias” dos Estados Unidos, do país. Após uma série de tentativas de desestabilização organizadas pelo imperialismo de dentro do próprio país caribenho, o escritório da OEA foi fechado e os representantes do país na organização, descredenciados. Nas palavras do chanceler Denis Moncada “A Nicarágua expulsa a Organização dos Estados Americanos”.
A interferência da OEA nas eleições latino-americanas
Assim como fez recentemente no golpe de Estado na Bolívia, que impediu a posse de Evo Morales, a OEA não reconheceu a vitória de Ortega nas últimas eleições e vinha impulsionando mobilizações golpistas contra o governo nacionalista da Frente Sandinista de Libertação Nacional. Na Bolívia, a situação escalou para um golpe encabeçado pela extrema-direita e pelos militares. Somente após um verdadeiro levante popular, os bolivianos conseguiram impor uma nova derrota eleitoral à direita e reverter ao menos parcialmente o golpe.
Durante o desenvolvimento do processo, o parecer da OEA foi exposto como a farsa que era. Uma farsa produzida para derrubar um governo que estava longe de ser revolucionário, mas defendia alguns interesses nacionais importantes, como a exploração das suas reservas minerais de forma mais vantajosa para o país. Depois de tudo o que passou no golpe, com dezenas de mortes, a Bolívia segue na OEA, o que ajuda a reforçar a importância da reação da Nicarágua.
Assim como a ação militar russa na Ucrânia, a iniciativa do governo nicaraguense não passa de uma medida defensiva. É uma política de enfrentamento ao golpismo que é impulsionado pelo imperialismo norte-americano nessa região vital para sua dominação mundial. Manter no seu país uma organização controlada pelos Estados Unidos e que não reconhece a legitimidade do governo eleito poderia ser um erro fatal.
O enfrentamento ao imperialismo
Apesar de seguir uma linha de ação até óbvia diante das ingerências cometidas pela OEA, o governo nicaraguense, assim como qualquer outro governo de um país capitalista atrasado, sabe que compra briga com os donos do mundo ao afirmar sua independência política. Dois fatores principais ajudam a entender a altivez do governo Ortega: o apoio popular e a crise da dominação imperialista.
Mesmo de maneira tímida, o governo nacionalista tem empreendido reformas sociais. Junto com a política de defesa da economia nacional, essas medidas populares garantem um importante apoio popular. Um governo apoiado nas massas tem consistência para bater de frente com os algozes dos povos do mundo.
Somado a esse fator temos o cada vez mais explícito o avanço da crise imperialista, que teve na vitória do Talibã em 2021 uma demonstração que reverberou mundo afora. O povo de um dos países mais atrasados do planeta conseguiu colocar as tropas norte-americanas para correr, inspirando em especial os povos oprimidos do Oriente Médio, mas servindo como um recado a todos os povos oprimidos do mundo: “é possível derrotar o imperialismo”.
No mesmo sentido, a guerra na Ucrânia tem esse caráter progressista, mostra que a dominação está abalada. Como ficou evidente, o imperialismo não contava com uma ação militar russa e não consegue responder à altura. Isso incentiva mais países oprimidos a se defenderem com firmeza dos ataques do imperialismo.