Marielle Franco, ex-vereadora do PSOL do Rio de Janeiro, denunciava as atrocidades feitas pelas forças de repressão do Rio de Janeiro. Criticava as Unidades de Polícia Pacificadora, a ação da Polícia Militar nas favelas, contra negros e pobres.
Por conta dessa atividade política de denúncia foi executada em uma operação de filme policial. Com direito à perseguição, carro emparelhado no ponto cego do carro da vítima, e disparos certeiros contra a Marielle e seu motorista, Anderson.
A investigação do caso ficou a cargo das próprias forças de repressão, que, por um milagre, não conseguem localizar nada que possa indicar a autoria do crime. As provas que existem são apenas o carro cheio de furos de bala, e que deve estar enferrujando em algum pátio da polícia, e o próprio corpo de Marielle.
Semanas atrás, inclusive, uma das testemunhas que poderia colaborar com as investigações foi executada. Intimado a depor no caso Marielle, Carlos Alexandre Pereira foi assassinado no último domingo, dia 8, em circunstâncias que também não permitem a identificação do autor do crime.
É preciso dizer que Marielle se soma aos quase 500 mortos pela polícia carioca neste ano, sem contar as vítimas das Forças Armadas. Tudo indica que 2018 será o ano mais sangrento da história da cidade.
Alguém pode pensar que ela não foi morta pelas forças de repressão oficial, o que é uma ilusão. Quando a PM quer eles prendem qualquer um. Basta ver Rafael Braga, que foi tido como terrorista por portar uma garrafa de pinho sol. Amargou anos na cadeia sem ter cometido crime algum.
É uma regra: crimes em que os suspeitos não são sequer identificados só pode ter autoria da própria força militar, única capaz de executar uma pessoas com quatro tiros na cabeça e seguir sem qualquer investigação.
Ainda sobre Marielle, a direita atacou, dizendo que ela colheu o que plantou. Típica selvageria direitista, que defende que os negros, pobres e trabalhadores devem ser torturados, mortos e presos, independente da existência de crime. É a direita escravocrata, a mesma que deu o golpe de Estado no Brasil.
A execução de Marielle foi política, e perpetrada pelas organizações militares que estão na cidade do Rio de Janeiro. Sabe-se lá quantas pessoas mais eles mataram de lá para cá. Um esquadrão da morte ronda o Rio de Janeiro, e tem coordenação nacional, basta ver o silêncio de todas as organizações e mesmo as instituições do Estado sobre o caso, como o Poder Judiciário.
Para o movimento popular, para as organizações dos trabalhadores e do povo negro se coloca a necessidade da constituição de comitês de autodefesa para impedir novos ataques, ampliar a luta contra o golpe de Estado e suas instituições repressivas, as mesmas que prenderam o ex-presidente Lula.