Nesta semana, a justiça do Mato Grosso do Sul nos mostrou mais uma vez para quem está defendendo. A juíza Cristiane Aparecida Biberg de Oliveira, da 1ª Vara da Comarca de Caarapó, entendeu que o latifundiário Orlandino Carneiro Gonçalves, acusado de matar a tiro o Guarani Kaiowá Denílson com um tiro na cabeça, “não teve objetivo de matá-lo, apesar de ter confessado o disparo”.
A juíza se baseou no laudo elaborado pela polícia, que é conhecida por atuar contra os indígenas e acobertar os crimes dos latifundiários e pistoleiros.
O caso ocorreu em 17 de fevereiro de 2013 e corpo do indígena Denílson Barbosa foi encontrado jogado em uma estrada vicinal que separa a aldeia tekoha Pindo Roky e diversos latifúndios que se sobrepõe a terra indígena na cidade de Caarapó, Mato Grosso do Sul.
O que é estranho nesse caso é que todas as testemunhas relataram que o indígena Denílson e mais dois indígenas haviam saído para pescar e foram abordados por três pistoleiros contratados por Orladino. Nesse ponto os jovens teriam sido ameaçados e fugiram, mas Denílson acabou detido, agredido e morto.
O latifundiário afirma que ouviu seus cães latindo e atirou no escuro, sem enxergar o indígena, e que não mirou na cabeça.
Na época o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), em matéria no seu sítio, apontou a seguinte frase “A comunidade, portanto, refuta a versão de que o fazendeiro, naquela noite de 16 de fevereiro, teria atirado da varanda de sua casa na direção do criadouro de peixes porque ouviu barulho e os latidos dos cães. A distância da varanda da casa até o local onde Denilson foi morto é de pelo menos 400 metros. A pergunta que deve ser respondida é como um senhor de 61 anos de idade, durante a noite, portanto no escuro, e a mais de 400 metros acertou um tiro na cabeça do adolescente?”
Não estamos defendendo aqui o aumento da repressão ou que o latifundiário apodreça na cadeia, mas sim denunciamos como são tratados os que lutam pela terra e seus direitos. Os indígenas são caluniados e sofrem todo tipo de perseguição da justiça e da violência das forças policiais e dos latifundiários.
Recentemente um grupo de indígenas foi preso e ficaram vários dias na cadeia por cortarem uma taquara, mas quem comete os crimes contra os povos indígenas permanecem impunes e fazem de tudo para serem inocentados e não sofrerem penalidades.
A justiça golpista comete as maiores arbitrariedades e interpreta os fatos da maneira que convém aos latifundiários e poderosos da região.
É preciso denunciar o caráter golpista do judiciário e que não devemos confiar nossos direitos numa instituição que defende abertamente os latifundiários e a burguesia contra os povos indígenas.