Nessa quinta-feira (08), o jornal O Estado de S.Paulo publicou uma entrevista com Jilmar Tatto, secretário de comunicação do PT e ex-candidato à prefeitura da capital paulista. Na ocasião, ele deu uma série de declarações acerca das eleições de 2024, principalmente em relação aos planos do PT na cidade.
“A aliança com o PSOL é burra. É jogo de perde-perde”, afirmou. Em seguida, ao destacar que os 13 deputados do PSOL na Câmara votaram contra o arcabouço fiscal, Jilmar atacou ainda mais um eventual apoio do PT à candidatura de Boulos:
“A gente perde bancada porque a aliança fica estreita, não ganha a eleição na capital e perde, mais uma vez, porque o PSOL não está votando com o nosso governo […] Eu acho que, se essa aliança com o PSOL continuar, o presidente nem vai poder fazer campanha na cidade de São Paulo”, afirmou Tatto.
Independentemente de quais sejam os interesses de Tatto – afinal, ele é um político tradicional, um político burguês -, suas declarações expressam uma preocupação de um setor importante do PT com a figura de Guilherme Boulos. O secretário de comunicação demonstra um receio de que o PT paulista se transforme no partido de Guilherme Boulos, servindo para alavancar a sua figura tanto eleitoralmente, quanto politicamente.
Aqui, deve ficar claro que não se trata de um mero problema de luta entre caciques. O problema central é que se Boulos for a pessoa no controle do aparato petista, o PT não estará nas mãos de um burocrata qualquer, mas sim, da Fundação Ford. Pois é isso que Boulos é: um homem da Fundação Ford, uma figura promovida pelo imperialismo para levar adiante um programa oposto aos interesses da base do PT.
E não faltam argumentos para sustentar essa afirmação: ganhando fama após liderar o movimento golpista do “Não Vai Ter Copa”, comprovadamente financiado pelos Estados Unidos para enfraquecer o governo Dilma, Boulos é o principal defensor da política do imperialismo dentro da esquerda nacional.
Um ano depois de Boulos ter sabotado os atos “Fora Bolsonaro” em 2020, fazendo um acordo com a polícia de São Paulo para entregar a Avenida Paulista para a extrema-direita, o Partido da Causa Operária (PCO), por meio deste Diário, publicou uma série de denúncias que mostram que o patrão de Boulos, Walfrido Warde, é financiado pela Open Society, uma organização de fachada da CIA. Comprovando a sua ligação com o imperialismo.
Mais recentemente, no começo deste ano, veio à tona uma gravação de Boulos tendo um jantar agradável com seu amigo do coração, Datena “bandido bom é bandido morto”. Durante a conversa, Boulos concordou com as afirmações do direitista de que Lula seria um problema, demonstrando sua pré-disposição golpista.
Enfim, é uma figura que serve completamente aos interesses do imperialismo, e há uma indisposição crescente com Boulos, resultado, em grande medida, não só das denúncias feitas pelo PCO, mas pela própria experiência da base do PT com o psolista.
O fato de ter lançado uma candidatura própria enquanto Lula estava preso, por exemplo, gerou uma indisposição contra Boulos, bem como o fato de que a bancada das ONGs da qual faz parte no Congresso está entrando cada vez mais em choque com o governo.