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Neoliberalismo 2: A destruição da Catedral de Notre-Dame

O presidente nacional do Partido da Causa Operária, Rui Costa Pimenta, apresenta o programa Análise Política da Semana, que vai ao ar todos os sábados às 11:30 e é transmitida pela Causa Operária TV no Youtube e pela Rádio Causa Operária. No programa, Rui apresenta uma análise marxista dos principais acontecimentos políticos da semana.

Na Análise Política de 20 de Abril, Rui Costa aborda a destruição da Catedral de Notre Dame e a política neoliberal na França. Veja a transcrição abaixo:

“Bom, o terceiro tema internacional, que é muito interessante, principalmente de um ponto de vista mais ideológico, é o que aconteceu na França com a Catedral de Notre Dame. Se discutiu muito, a imprensa, inclusive, fez questão de ocultar no Brasil e fora do Brasil, as responsabilidades sobre o caso da Notre Dame. Porque, logicamente, que pior propaganda política não poderia haver, você ver desabar uma catedral que está de pé há 850 anos, começou a ser construída há mais de 1.000 anos e é considerada uma obra-prima da arquitetura gótica. Aí você, de repente…eu por exemplo, que estou acostumado a esperar o desastre, a hora em que passou na televisão a catedral pegando fogo eu falei que era inacreditável que isso tenha acontecido. Pior propaganda não poderia haver. Como filho feio não tem pai, não apareceu ninguém para assumir a responsabilidade pela criatura, pela destruição da catedral.

No jornal Le Monde dessa semana que eu estava vendo ontem, a explicação…não dá para rir porque é lamentável, mas dá para esboçar um sorriso. Então o jornal falava assim: “provavelmente foi um operário que fez não sei o quê lá”. Então, agora a culpa pela derrubada da catedral de quem é? De um operário que estava lá fazendo a manutenção, vai ver que o cara decidiu fumar um charuto, sei lá,  no andaime e jogou o fósforo e pegou fogo…foi o operário. Na realidade não é nada disso. Dois dias antes da catedral ser destruída, o ministro da cultura francês aparece nos jornais com uma discussão sobre o problema da catedral, porque os técnicos já haviam avisado que a catedral iria cair. Quer dizer, se não fosse o fogo, a catedral iria cair sozinha e apresentaram a situação de que seria necessário 650 milhões de euros para as reformas para manter a estrutura da catedral e tudo mais. E o ministro da cultura, que foi escolhido pelo Macron, a gente conhece o Macron, é aquele cidadão que, como presidente da República, um dos passatempos favoritos é insultar a população do próprio país, muito parecido com o Bolsonaro. O ministro falou :”Não, o governo não tem dinheiro para fazer essas reformas. E de mais a mais, a França tem mais de mil monumentos históricos. Se nós formos gastar dinheiro para reformar tudo, não existe dinheiro que chegue.” Então, eles deram uma verbinha para fazer uma reforma puramente artificial e no meio dessa reforma artificial, a catedral pegou fogo. Não pegou fogo por acaso. O prédio estava bastante comprometido e essa que é a grande realidade.

Isso mostra duas coisas importantes que a gente deve assinalar. Primeira coisa é que a política neoliberal é uma política de completa destruição dos países em que ela se estabelece, ela não é uma política que leva a revitalização de nada. Não é por acaso que a situação chega a extremos no governo Macron; não é por acaso.  Porque ele levou adiante -com muito maior intensidade – a política neoliberal que seus antecessores, principalmente do Partido Socialista, que também levou adiante uma política neoliberal. O ministro da cultura, com a declaração dele dos milhares de monumentos franceses, está deixando claro o seguinte: de que daqui pra frente, a qualquer momento, pode cair outras coisas, pode pegar fogo outros monumentos, que dizer, está tudo pendurado com alfinetes. Isso daí revela a situação da maioria dos países. Se vocês olharem bem, claro, considerando a proporção de cada coisa, a gente vê que o domínio do PSDB em São Paulo levou a que a população esteja ameaçada de que você esteja andando na rua e caia um viaduto na sua cabeça. O levantamento chegou à conclusão de que os viadutos estão todos numa situação periclitante. Essas notícias aparecem assim: queima a catedral de Notre Dame, logicamente que vai chamar a atenção; Os viadutos de São Paulo chamaram menos a atenção, mas a situação é de calamidade pública. Se nós formos olhar, de um modo geral, a infraestrutura da maioria dos países está assim. Os governos não têm dinheiro mais para manter os países funcionando direito.

Isso que o governo Macron falou dos monumentos históricos da França é uma política geral para tudo, para o poder público e para as empresas privadas também. Não tem dinheiro. Não dá lucro suficiente, não entra dinheiro de impostos suficiente para manter as coisas funcionando da maneira como deveriam. É por isso que, por exemplo, em São Paulo e no Brasil, uma série de doenças têm aparecido no último período, ninguém explica o por quê, parece que é uma praga divina, parecem as pragas do Egito que desabaram sobre a população brasileira, é zika, chikungunha, um monte de coisa, parece que os mosquitos se organizaram para atacar a humanidade. Na verdade, o pessoal que trabalha nessa área sabe muito bem o que acontece, pois cortaram todos os programas de prevenção. A diminuição dos custos de saúde coloca a situação de saúde de toda a população numa situação periclitante. Quer dizer, os viadutos podem desabar, a saúde está comprometida, você está ameaçado porque na verdade você vive um país de fantasias. Parece que as coisas estão funcionando, mas um desastre pode acontecer a qualquer momento. O caso dos viadutos, o caso das doenças e várias coisas que estão acontecendo mostram isso. Alguém poderia falar que é o Estado, porque o neoliberal inventou uma desculpa ideal para acabar de destruir o mundo, que é a culpa do Estado, então tem que passar para a iniciativa privada. Mas, aí a gente tem o caso das barragens da Vale do Rio Doce, que estouram quase todos os dias e matam centenas de pessoas. E aí? E a iniciativa privada? A iniciativa privada é pior do que o Estado, é que não tem tanta responsabilidade quanto o Estado. Quantas Catedrais de Notre Dame a iniciativa privada tem que cuidar? E se ela tivesse que cuidar, qual que seria a situação real dessas catedrais?  E o resto?
Então nós temos que chamar a atenção, e o caso da catedral de Notre Dame diz respeito a isso daí e é muito importante, que na realidade nós temos uma política que leva a coisa a um extremo de completa decomposição. E isso é um fenômeno mundial. Se a gente olhava o que estava acontecendo com os viadutos de São Paulo, principal cidade do país…São Paulo é uma espécie de… parece uma cidade da Síria, está completamente destruída. Enquanto a gente não conseguir se livrar do PSDB, provavelmente isto vai levar a uma total destruição da cidade. É a cidade mais rica do país e é a cidade com pior situação em todos os sentidos possíveis e imagináveis: o trânsito está fora de controle, tudo está fora de controle, tudo escapou de controle, os viadutos estão caindo e sabe-se lá mais que outras ameaças estamos enfrentando aí. Bom, no Rio de Janeiro teve o caso do conjunto de prédios que desabaram. O pessoal falou que são edifícios de areia, então e a situação é mesmo de calamidade pública. Isso indica duas coisas: primeiro que a política neoliberal é insustentável e só pode ser levada adiante às custas de um sofrimento extraordinário para a população em todos os sentido, não é só a falta de emprego para a população, a fome e tudo mais.

Assista o vídeo da Análise Política da Semana sobre esse assunto:

 

 

 

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