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Cuba, Venezuela e Nicarágua

Imprensa burguesa ataca Lula e comprova que não o aceitará

Folha diz que defesa de Lula dos governos nacionalistas mostra que sua base espera "repetir sua receita aqui"

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Para aqueles setores da esquerda que têm ilusões de que a burguesia ou pelo menos um setor dela apoiaria Lula em uma possível eleição entre Lula x Bolsonaro, basta abrir as páginas dos principais jornais do chamado PIG (Partido da Imprensa Golpista) para que fique claro que este pensamento não passa de ilusão.

Recentemente o ex-presidente Lula concedeu entrevista ao jornal espanhol El País e defendeu o que qualquer pessoa que se diga de esquerda deveria defender: Cuba, Venezuela e Nicarágua. Foi o pretexto para iniciar uma onda de ataques a Lula o associando às supostas “ditaduras”.

Em matéria vinculada na Folha de S.Paulo com título “Lula cita 16 anos de Merkel na Alemanha e minimiza ditadura na Nicarágua”, diz-se que:

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) minimizou a reeleição do ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, e traçou uma comparação com o tempo de poder da primeira-ministra alemã, Angela Merkel, eleita democraticamente. A declaração ocorreu durante entrevista concedida ao jornal espanhol El País.

“Sabe, eu não posso julgar o que aconteceu na Nicarágua. No Brasil, eu fui preso. Fiquei 580 dias preso para que o Bolsonaro fosse eleito presidente. Eu não sei o que as pessoas fizeram [na Nicarágua] para que fossem presas. Se o Daniel Ortega prendeu a oposição, como fizeram comigo no Brasil, ele estará totalmente errado”, argumentou Lula, em seguida.

A fala de Lula vai no sentido de apontar a parcialidade das colocações que pintam Ortega como ditador por estar desde 2007 no poder, mas que não veem problema em a chanceler alemã ter assumido o posto em 2005 e o largado somente em 2021. E ainda coloca corretamente que os mesmos que acusam a Nicarágua de ser uma ditadura por supostamente ter prendido opositores não falam nada pelo fato de o próprio Lula ter sido preso para eleger um candidato da burguesia. 

Já o Estado de S. Paulo faz seguinte acusação sob o título “Lula em sua melhor forma”:

Lula acrescentou que não pode “interferir nas decisões de um povo”, desconsiderando que o povo a que ele se refere não pôde tomar decisão nenhuma, já que as “eleições” na Nicarágua e na Venezuela são apenas cenográficas, como sabem os governos de países civilizados que contestam seus resultados.

É realmente impressionante a devoção de Lula a um regime violento e opressor. Estamos em pleno século 21, não há nenhuma dúvida sobre o caráter autoritário do Estado cubano e mesmo assim o líder petista segue em absurda subserviência. Sempre foi vergonhosa a atitude do PT em relação a Cuba; no momento atual, é estupidez negacionista em sua face mais desumana.

Os ataques do Estadão são claros sobre o que pensa a alta burguesia sobre os países atrasados controlados por governos nacionalistas (“como sabem os governos de países civilizados que contestam seus resultados”). Para eles os povos que têm como líderes os políticos nacionalistas, são bárbaros. Escondem a barbaridade de países  governados por capachos do imperialismo como o Brasil, onde pessoas morrem de fome ou assassinadas pela polícia diariamente.

Por último novamente a Folha de S.Paulo: “Lula e PT não conseguem defender a democracia”:

Nesta segunda (22) foi a vez de Dilma, que louvou o Estado totalitário chinês. “A China representa uma luz nessa situação de absoluta decadência e escuridão que é atravessada pelas sociedades ocidentais”, disse ela no evento de lançamento de um livro. É, temos um padrão.

O PT é contra ditaduras; desde que sejam de direita. Se forem de esquerda, o máximo de dureza serão reticências discretas, quando não afagos. Esse alinhamento não é inofensivo. A degeneração das instituições democráticas promovida em nome de um discurso de esquerda é um caminho perfeitamente possível em nosso contexto. Aconteceu na Venezuela, acontece na Nicarágua e na Argentina. E pode acontecer aqui.

Não haveria nada mais simples do que se colocar clara e inequivocamente contra ditaduras: “Democracia é um valor inegociável, e mesmo o bem-estar social e combate à pobreza ocorrem melhor em um ambiente democrático e com liberdade de imprensa. Ortega, Maduro e Diaz-Canel têm que deixar o poder”. É o que faz Mujica no Uruguai. Uma fala simples dessas, aliás, já lhe traria ganhos com a opinião pública, que não nutre mais as miragens socialistas da Guerra Fria. O fato de não se posicionar dessa maneira é sinal de que uma parcela importante de sua base de apoio acredita justamente nesse caminho e provavelmente espera voltar a cooperar com os piores regimes do continente, e quem sabe repetir sua receita aqui. O controle social da mídia é um passo nessa direção.

Os ataques a Lula e ao PT pelo fato de ele ter defendido a Nicarágua e comparado com a Angela Merkel mostram como a burguesia é agressiva com qualquer demonstração de Lula à esquerda, qualquer defesa do nacionalismo e afronta ao imperialismo. Além disso, demonstra como ela abomina um governo que seja um governo realmente de esquerda, como o da Nicarágua, e ela sabe que Lula tem condições de fazer um governo semelhante ao da Nicarágua (os governos do PT eram parecidos, embora mais moderados) e a burguesia não quer mais um governo de esquerda. Por isso ela está fazendo de tudo para sabotar Lula e esses ataques são prova disso.

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