Há meses que vários economistas, da esquerda e até alguns burgueses, como Nouriel Roubini, tem previsto, mesmo antes do início da pandemia da Covid-19, que a economia capitalista estaria entrando numa etapa mais aguda da crise deflagrada em 2008. Aquele colapso ocorrido em 2008 não foi resolvido, mas apenas contornado por meio de uma transferência brutal de recursos dos trabalhadores para os capitalistas, visando salvar seus lucros.
De lá pra cá a burguesia e seus governos continuaram a fazer a mesma coisa que faziam antes de 2008, ou seja, maximizaram seus lucros superexplorando os trabalhadores, eliminando seus últimos direitos e sugando todas as riquezas naturais.
Mesmo fazendo tudo isso, a classe capitalista continua vivendo ligada aos aparelhos da UTI que é o estado neoliberal. A consequência é que os governos dos países capitalistas estão extremamente endividados e com menos margem de manobra para tentar contornar novamente a crise como fizeram em 2008.
Isso tudo que foi dito é o que ocorreria neste ano ou no próximo sem considerar a pandemia global. O coronavírus fez com que a marcha da crise fosse acelerada, fazendo-a eclodir já no início de 2020. Essa velocidade nunca vista numa crise capitalista fez com que os fenômenos que teriam levado meses para chegar em determinado patamar só precisassem de semanas para isso, como por exemplo, o aumento do desemprego.
Como é normal em um governo que mistura a cegueira, a ignorância e a má-fé na pessoa grotesca do presidente ilegítimo Jair Bolsonaro, tais características se espalham pelos seus ministérios. Seguindo essa lógica, o ministério da Economia, chefiado pela “tchutchuca dos banqueiros” Paulo Guedes, tem sempre dado previsões mentirosas a respeito do PIB de 2020, muito mais favoráveis do que os fatos e análises verdadeiramente científicas dizem.
Pois bem, nesta semana, pela primeira vez o governo golpista assumiu que haverá uma queda no PIB de 4,7% em 2020. A última projeção – divulgada no dia 20 de março – previa uma estagnação: avanço de apenas 0,02%.
Quando o governo reconhece que haverá queda no PIB ele está reconhecendo a gravidade da crise que está apenas no começo. Mas se considerarmos que em 20 de março já se falava no mundo todo que o PIB do Brasil teria queda e o governo Bolsonaro ainda falava em PIB positivo, podemos deduzir que existe uma grande chance dessa queda de 4,7% ser ainda pior do que foi projetado.
Além disso, essa projeção de queda é em grande parte otimista pois assume que a quarentena irá durar até 31/05, que – de modo algum – de ocorrer. Além disso, não leva em conta o avanço da pandemia e suas consequências diretas e indiretas, independentemente da quarentena. E o fato de que o Brasil está dominado por um regime golpista, sem nenhum interesse em combater a pandemia.